Nonato Guedes
Em entrevista concedida hoje à rádio CBN João Pessoa, do Sistema Paraíba de Comunicação, o candidato a prefeito nas eleições de 15 de novembro Ricardo Coutinho (PSB) falou das denúncias assacadas contra ele na Operação Calvário por alegado envolvimento com desvio de verbas da Saúde e Educação quando foi governador do Estado até 31 de dezembro de 2018, atribuindo-as a uma orquestração midiática para excluí-lo do cenário político paraibano. Ressaltou, porém, que não há provas concretas contra ele e voltou a desqualificar denúncias imputadas pelo Ministério Público com base em “delações premiadas” de ex-secretários de Estado e colaboradores do governo. Salientou que, atualmente, as acusações ganham repercussão “porque este é o momento da Justiça”, mas adverte que no momento oportuno conseguirá provar perante toda a Paraíba sua inocência em meio ao fogo cruzado que ora enfrenta.
Ricardo, que ganhou um reforço valioso na sua campanha nas últimas horas com o vídeo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiando sua candidatura, embora o PT tenha candidato próprio a prefeito de João Pessoa (o deputado estadual Anísio Maia), explicou que deseja voltar à prefeitura de João Pessoa para restabelecer obras e serviços que foram destruídos desde que deixou o cargo para se candidatar ao governo do Estado em 2010. Salientou, a exemplo do que vem defendendo no Guia Eleitoral, que “João Pessoa parou no tempo” e acusou a atual administração de não promover investimentos de vulto na cidade e região metropolitana. De acordo com Coutinho, “João Pessoa, hoje, apenas passa na média, o que não enseja maiores elogios à gestão”. Frisou, também, que o que está sendo feito em termos de gestão pública na atual situação não está à altura do momento difícil enfrentado com a calamidade do coronavírus, que teve reflexos não apenas do ponto de vista sanitário, mas, em paralelo, nas atividades econômicas, produtivas e sociais da Capital. Ricardo foi prefeito de João Pessoa por duas vezes, sendo eleito em 2004 pelo PSB e reeleito em 2008.
Ao comentar as críticas que enfrenta por ter privilegiado organizações sociais no controle da Saúde e da Educação no período em que foi governador do Estado, as quais foram acusadas pelo Ministério Público como executoras de um esquema criminoso de desvio de dinheiro público, Coutinho salientou que as OS, devidamente monitoradas e fiscalizadas, funcionam plenamente e prestam serviço de qualidade à população. Contou que, na verdade, quando estava à frente do Executivo estadual, cogitava mesmo implantar o modelo de gestão de “organizações sociais públicas”, mas observou que, numa emergência, dadas as condições de precariedade enfrentadas na estrutura do governo, teve que recorrer a OS como a Cruz Vermelha, mencionadas em processos que versam, na Justiça, sobre irregularidades cometidas. Sentindo-se injustiçado, o ex-governador manifestou a expectativa de que possa vir em pouco tempo a “desmoralizar” acusações e insinuações que lhe são imputadas, queixando-se, inclusive, de setores da imprensa que, conforme ele, são particularmente radicais na sua condenação.
O candidato socialista enfatizou, em outro trecho da entrevista, que outra razão que o levou a se candidatar, mesmo já tendo sido prefeito por duas vezes, foi a falta de melhores opções para o eleitorado pessoense nas eleições deste ano, chegando a dizer que algumas candidaturas que estão postas não representam anseios e aspirações da população da Capital. Da mesma forma, criticou a falta de criatividade de alguns postulantes que se apresentam no páreo e que, no seu modo de ver, estão comprometidos com “modelos fascistas” de gestão que reproduziriam, de forma microscópica, o modelo nacional adotado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Lamentando não ter tido assegurado espaço amplo de defesa diante do rol de denúncias formuladas, Ricardo Coutinho revelou estar com a consciência tranquila e confiante em que tudo será esclarecido, com o devido respeito que a opinião pública merece.