Nonato Guedes
A campanha eleitoral para prefeito de João Pessoa esquentou nas últimas horas com a polêmica travada na mídia entre o ex-governador e candidato pelo PSB Ricardo Coutinho e membros do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público da Paraíba, responsável por investigações e coleta de provas sobre desvio de verbas públicas da Saúde e da Educação na gestão do socialista, as quais constam da Operação Calvário, ainda em fase de andamento. Segundo foi veiculado pela defesa do ex-governador, o Gaeco teria alterado diálogos de Ricardo com o empresário Daniel Gomes da Silva, operador da Cruz Vermelha Brasileira Brasileira, para incriminar o socialista. O Gaeco contestou com veemência essas versões.
A Cruz Vermelha foi uma das organizações sociais contratadas na gestão de Ricardo Coutinho e administrou hospitais como o de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa. Daniel Gomes é mencionado em depoimentos e em documentos como encarregado de repassar pagamento de propinas supostamente ao ex-governador Ricardo Coutinho e a ex-secretários de seu governo. O ex-governador sempre questionou a veracidade do material coligido pelos agentes do Gaeco, pondo em dúvida a legitimidade de declarações feitas por ex-colaboradores do seu governo, em delações premiadas, que chegam a incriminá-lo como chefe de uma organização criminosa. Ainda esta semana, numa entrevista concedida à rádio CBN João Pessoa, Ricardo Coutinho cobrou a exibição de provas contra ele, voltando a desqualificar os autos da Operação Calvário.
O Ministério Público da Paraíba tornou pública uma nota em que afirma que “todas as colaborações foram homologadas nos mais diversos juízos, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba (segundo e primeiro graus), e os áudios depositados pelo colaborador Daniel Gomes da Silva foram acostados em sua colaboração perante o Superior Tribunal de Justiça, submetidos ao setor técnico científico da Polícia Federal (perícia)”. O assunto ganhou repercussão nacional com a publicação, na revista “Carta Capital”, de São Paulo, na sexta-feira, 30, das acusações de alteração na narrativa com o intuito de prejudicar o ex-governador Ricardo Coutinho. Não houve divulgação, porém, de documentos.
Os promotores do Gaeco foram categóricos ao refutar qualquer alteração no sentido das falas, salientando que os laudos da Polícia Federal atestaram a integridade do conteúdo e que ele foi compartilhado com os diversos Juízos onde o caso se encontra em tramitação. Os promotores advertiram, também, que possuem outros elementos de prova contra o ex-governador Ricardo Coutinho. “É importante ressaltar que a colaboração é tão somente meio de obtenção de prova, portanto, todas as ações penas aviadas em face dos múltiplos denunciados se lastreiam em diversas matrizes de prova qualificadas, seguindo os mais rígidos critérios da boa prática jurídica”, acrescenta a nota do Gaeco. Na entrevista à CBN, Ricardo Coutinho ponderou que, no momento, está sendo vivido “o tempo da Justiça”, mas que aguarda a oportunidade de dispor de amplo direito de defesa quando, segundo garante, desmontará todas as acusações feitas e deixará patenteada sua inocência em relação aos escândalos que ganharam repercussão desde a sua saída do governo do Estado.