Em mais uma demonstração de alinhamento integral com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que no próximo ano vai trabalhar no Congresso para que o Brasil volte a ter o voto impresso em 2022, quando ele concorrerá à reeleição. Sem mencionar os Estados Unidos, Bolsonaro revelou, em transmissão ao vivo nas redes sociais, que é preciso ver o que “acontece em outros países e buscar um sistema confiável”. Com projeções sinalizando provável ascensão do democrata Joe Biden, Trump tem acusado, sem provas, que o processo eleitoral americano está sendo fraudado.
A respeito de mudanças que poderão ser introduzidas no Brasil, Bolsonaro frisou: “Já está bastante avançado o estudo, a gente espera o ano que vem entrar, mergulhar na Câmara e no Senado para que se possa ter realmente um sistema eleitoral confiável em 2022”. Embora tenha vencido a eleição de 2018, o presidente, em diversas ocasiões, afirmou que houve fraude na votação. Em viagem aos Estados Unidos em março, chegou a dizer que tinha provas de que teria vencido o pleito no primeiro turno, contra o candidato Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores. O presidente, entretanto, jamais apresentou qualquer comprovação das suas denúncias ou insinuações.
Bolsonaro mencionou que a deputada federal Bia Kicis, do PSL-DF, já tem uma Proposta de Emenda à Constituição que pode ser aproveitada para mudar o sistema de votação através da urna eletrônica. O texto já foi aprovado, inclusive, pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Em setembro, o Supremo Tribunal Federal decidiu, todavia, que é inconstitucional a adoção do voto impresso, ao concluir que a medida viola o sigilo e a liberdade do voto. O voto impresso era uma das exigências previstas na minirreforma eleitoral sancionada com vetos, em 2015, pela então presidente Dilma Rousseff (PT), que foi alvo de processo de impeachment.
Em novembro de 2015, o Congresso Nacional derrubou o veto de Dilma Rousseff ao voto impresso – ao todo, 368 deputados e 56 senadores votaram a favor da impressão, proposta apresentada pelo então deputado federal Jair Bolsonaro.