Nonato Guedes
A professora Terezinha Domiciano Dantas, que foi a mais votada na consulta pública para reitor da Universidade Federal da Paraíba, gravou um vídeo que vem circulando desde ontem nas redes sociais em que manifesta a sua indignação com a nomeação, pelo presidente Jair Bolsonaro, do terceiro colocado na lista tríplice – Valdiney Gouveia. Lembrando que recebeu mais de nove mil votos da comunidade acadêmica, constituída por professores, alunos e funcionários técnico-administrativos, a professora Terezinha disse que vem acompanhando as manifestações de protesto realizadas no âmbito da instituição contra o desfecho do processo da reitoria.
– Infelizmente, o que se constata é que o processo atrapalha a autonomia e a democracia universitária. Recebi com indignação e surpresa (a nomeação de Valdiney) exatamente por termos passado por um processo eleitoral correto, o que estava previsto pelo Consuni. Obtivemos 48.44% dos votos, mais de 9 mil sufrágios de servidores, docentes e discentes. O candidato nomeado teve apenas 900 votos, Ficamos tristes com esse processo – acentuou a professora. Ela acrescentou que examinará com seu grupo as posições futuras na UFPB. “Vamos conversar com nosso grupo de apoio, mas, independente dessa reunião, a própria comunidade universitária paraibana está se mobilizando, em defesa não do nosso nome mas em defesa do princípio da autonomia universitária”.
Houve manifestação, ontem, no “campus I”, em João Pessoa, e ainda agora, pela manhã, um grupo está postado em frente à porta que dá acesso à reitoria da Universidade Federal, cobrando do presidente da República a reversão da nomeação do professor Valdiney Gouveia. A ex-candidata Terezinha Domiciano chegou a afirmar que foi procurada antes da consulta pelo professor Valdiney, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro e que este, na ocasião, disse-lhe que era quase certa a sua nomeação. O professor Valdiney, do Departamento de Psicologia da Universidade, teria, então, convidado Terezinha para ser sua vice. Ela não aceitou.
– O que posso garantir é que continuaremos na mobilização contra iniciativas que desrespeitam completamente a autonomia da Universidade, numa conjuntura em que todos lutamos pelo fortalecimento da democracia no Brasil – concluiu a professora Terezinha Domiciano.