Pela primeira vez na história o Brasil realizará eleições municipais hoje com quase 148 milhões de indivíduos aptos a votar, em um cenário de pandemia. A disseminação do coronavírus, que começou a se espalhar pelo país no começo do ano, já provocou 165.673 mortes em território nacional. Além dos óbitos, a Covid-19 já infectou 5,8 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com os dados mais recentes disponibilizados pelo consórcio de veículos de comunicação do qual o UOL Notícias faz parte. O primeiro turno da eleição estava marcado inicialmente para 4 de outubro, período em que a crise de saúde no país ainda inviabilizava o pleito, de acordo com o entendimento do Congresso Nacional. Parlamentares aprovaram então o adiamento para este 15 de novembro.
O atraso, entretanto, como revela uma reportagem do UOL, não tirou a pandemia do caminho dos eleitores. Pelo contrário. A disputa acontecerá em um momento no qual autoridades sanitárias alertam para o risco de uma “segunda onda”. A estabilização da curva de mortes causadas pela pandemia levou cidades brasileiras a flexibilizarem medidas restritivas como o isolamento social e a interrupção de atividades que eventualmente podem gerar aglomerações. O medo é agravado pela situação atual nos Estados Unidos e na Europa, onde o contágio voltou a ocorrer em ritmo acelerado em países como França, Espanha e Alemanha. Essas e outras nações decretaram “lockdown” (paralisação total das atividades) ou voltaram a endurecer medidas de restrição.
O Tribunal Superior Eleitoral determinou regras específicas de proteção sanitária como uso obrigatório de máscaras, higienização constante e horários preferenciais para idosos. As eleições para prefeitos e vereadores serão realizadas em 5.569 municípios hoje (primeiro turno) e no dia 29 (segundo turno) de novembro. São, no total, 147.483 pessoas aptas a votar, um crescimento de 2,66% em relação a 2016. Especialistas das instituições que deram consultoria à Justiça Eleitoral afirmam que é seguro ir às urnas, desde que os procedimentos de prevenção sejam rigorosamente obedecidos. “Estamos convencidos de que é possível, claro, com a colaboração de todos, ter uma eleição segura que vai ser bem importante para o país”, disse a médica e pesquisadora da Fiocruz, Marília Santini. Uma das principais medidas é o uso obrigatório de máscaras. Quem estiver sem o item de proteção não poderá entrar na zona eleitoral. O eleitor também terá que higienizar as mãos antes e depois de fazer uso da urna eletrônica. O procedimento será obrigatório, com fiscalização dos mesários. As seções terão à disposição álcool gel e álcool líquido em recipiente borrifador.
Para proteger a população mais idosa e, consequentemente, mais vulnerável aos efeitos da Covid-19, o TSE definiu um horário específico para os eleitores com mais de 60 anos: entre 7h e 10h. Pessoas com idade inferior, mas que têm doenças crônicas ou são consideradas pertencentes a grupos de risco, também terão preferência. Neste domingo, as seções funcionarão de 7h às 17h. Foram determinadas ainda mudanças durante o procedimento de identificação dos eleitores. O votante apresentará o seu documento ao mesário, que não vai manusear a documentação e assinará a lista de votação preferencialmente com uma caneta própria que ele levar de casa. Até o último pleito, o eleitor entregava o documento ao mesário, assinava a lista, ia até a urna e somente após votar resgatava seu documento.
Para reduzir as filas, nessas eleições não será feita a identificação do eleitor por meio da biometria, método que torna o tempo de votação 70% maior, segundo o TSE. Ontem, o Brasil passou a marca dos 165 mil mortos por Covid-19. Foram 818 novos óbitos relacionados à doença, totalizando 165.673 mortos no país desde o início da pandemia. Nas últimas 24 horas, foram 36.402 novos testes positivos no país, totalizando 5.848.101 infectados. A média móvel de mortes, calculada com base nos óbitos dos últimos 7 dias, é de 484, o que representa estabilidade. Em resposta à decisão do presidente Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid-19, veículos de comunicação como UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de saúde das 27 unidades da Federação.