Nonato Guedes
O radialista Nilvan Ferreira, 47 anos, e o ex-senador Cícero Lucena, 63, que vão decidir o segundo turno das eleições para prefeito de João Pessoa, são naturais de cidades próximas no Sertão – o emedebista, nascido em Cajazeiras, o pepista oriundo de São José de Piranhas. Ambos concorrem à sucessão de Luciano Cartaxo (PV), também do Sertão, natural da cidade de Sousa, que está concluindo o segundo mandato consecutivo. Nilvan Ferreira do Nascimento, é casado com Fernanda Bernardino e tem três filhas. Seu vice é o major do Exército Eduardo Milanez.
Já Cícero Lucena é engenheiro civil, administrador de empresas, casado com Lauremília Assis, pai de três filhos. Ex-presidente da Gepasa, Gradiente e do Sindicato das Indústrias da Construção Civil, filiou-se ao PMDB quando completou 18 anos e registrou-se como eleitor. A partir de então, participou de todos os embates eleitorais do Estado, sempre nos bastidores. Em 1990, foi vice de Ronaldo Cunha Lima, na chapa do PMDB, ao governo, vitoriosa em segundo turno contra o falecido ex-governador Wilson Braga. Lucena exerceu a titularidade do governo nos dez meses restantes do mandato de Ronaldo, que se desincompatibilizara para concorrer ao Senado. Foi prefeito de João Pessoa por duas vezes, entre 1996 e 20004, tendo sido, ainda, secretário de Políticas Regionais, com status de ministro, do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e secretário de Planejamento de uma das gestões comandadas por Cássio Cunha Lima no Estado.
A mulher de Cícero, Lauremília, foi vice-governadora da Paraíba no primeiro mandato de Cássio Cunha Lima, instalado no governo a partir de 2003. Ela ficou conhecida pela atuação infatigável à frente de programas sociais desenvolvidos pelo governo nas áreas periféricas da grande João Pessoa, beneficiando as populações mais carentes. Sobrinho do ex-senador Humberto Lucena, Cícero Lucena participou da Mesa Diretora do Senado em posição de destaque. Seu filho, Mersinho, foi eleito no dia 15 de novembro deste ano vice-prefeito de Cabedelo, na chapa encabeçada pelo prefeito Vítor Hugo, do Democratas, que conseguiu assegurar a reeleição, competindo com vários outros nomes.
Embora tenha tido militância política em Cajazeiras, Nilvan Ferreira não chegou a disputar mandatos eletivos. Mas participou de gestões como secretário – em Cajazeiras, no governo de Carlos Antônio, e em Bayeux, no governo do também comunicador Jota Júnior, já falecido. Antes de se lançar candidato a prefeito de João Pessoa, Nilvan Ferreira era âncora do programa “Correio Debate”, da 98 FM, do Sistema Correio de Comunicação, detendo posição de liderança de acordo com pesquisas consecutivas de institutos especializados. Atuou, também, no Sistema Arapuan de Comunicação e em outros veículos de imprensa. Seu pai, em Cajazeiras, é proprietário de um Serviço de Alto-Falantes que ainda hoje faz história na cidade. Inicialmente, Nilvan Ferreira cogitou sair candidato a prefeito da Capital paraibana pelo PSL, que foi o partido do presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2018 que lhe deu a vitória contra Fernando Haddad, do PT, no segundo turno.
O senador José Maranhão, presidente do diretório estadual do MDB, considero uma “grande aquisição” para o partido o ingresso de Nilvan nas hostes emedebistas. A candidatura a prefeito de João Pessoa se impôs naturalmente, de acordo com o senador, lembrando que tinha informações sobre o prestígio popular do radialista. Acredita Maranhão que esse prestígio foi conquistado devido ao fato de Nilvan ter atuado como uma espécie de porta-voz dos interesses da sociedade quando esteve à frente dos microfones de emissoras de rádio. “Isto o credenciou a obter projeção política e a ser admitido pelo MDB como candidato à prefeitura, tendo tido o desempenho expressivo que demonstrou no primeiro turno”, comenta o parlamentar. Um detalhe é que Maranhão tentou ser prefeito de João Pessoa, lançando-se candidato em 2012, mas não logrou êxito. Dois outros sertanejos foram eleitos à prefeitura da Capital de 1985 para cá – Carneiro Arnaud, pelo PMDB, no ano da restauração das eleições diretas nas Capitais, e Wilson Leite Braga (PFL), eleito em 1988.