Nonato Guedes
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), que está concluindo seu segundo mandato, resolveu acelerar o processo de transição com o prefeito eleito Bruno Cunha Lima, da mesma legenda, que ele ajudou a eleger no primeiro turno no último dia 15. Por deliberação do atual alcaide, algumas atribuições e prerrogativas que são, pela própria natureza, inerentes ao cargo de chefe do executivo do município, passam necessariamente a contar, também, com o aval político do ex-deputado Bruno Cunha Lima.
A primeira medida concreta como parte da estratégia adotada por Romero Rodrigues diz respeito à contratação, de qualquer caráter, no âmbito da máquina administrativa da Rainha da Borborema. O atual prefeito, que no dia 31 de dezembro completa oito anos de gestão, tornou pública a sua decisão no grupo de secretários da administração municipal no WhatsApp. Ele escreveu no mensageiro: “Gostaria de informar que até o dia 31 de dezembro deste ano está terminantemente proibido realizar substituição, cancelamento de contrato ou qualquer alteração neste sentido. Essa prerrogativa já será do prefeito Bruno. Muito obrigado pela atenção de todos!!!”.
A medida foi considerada, nos meios políticos de Campina Grande, como um gesto de elegância por parte do prefeito Romero Rodrigues e, ao mesmo tempo, uma demonstração de confiança e de absoluta afinidade entre ele e o sucessor eleito. Romero, que é presidente estadual do PSD, coordenou a campanha eleitoral do seu grupo em torno de Bruno, incluindo a participação do PSDB do ex-senador Cássio Cunha Lima, cujo filho, o deputado federal Pedro Cunha Lima, é presidente do diretório estadual. O PSDB abriu mão de lançar candidatura própria à prefeitura, dispondo-se a acompanhar o que fosse decidido por Romero Rodrigues. Bruno chegou a disputar informalmente a indicação para candidato com o deputado estadual Tovar Correia Lima, tucano, que foi secretário de Planejamento da prefeitura. Vitorioso em primeiro turno, ele derrotou candidaturas como as de Ana Cláudia, mulher do senador Veneziano Vital do Rêgo, empresário Arthur Bolinha e deputado Inácio Falcão, do PCdoB, que se coligou com o MDB, tendo como vice a ex-candidata a prefeita Tatiana Medeiros.
O atual prefeito da Rainha da Borborema já foi lançado, em plena campanha eleitoral, como pré-candidato ao governo do Estado em 2022, e não esconde essa pretensão. Ao deixar o cargo, ele deverá se dedicar a contatos políticos em redutos estratégicos da Paraíba, a partir de João Pessoa, a fim de estadualizar sua imagem e se credenciar a um provável confronto nas urnas com o atual governador João Azevêdo (Cidadania), que disputará a reeleição. Romero acredita ter em mãos um grande trunfo para sua pretensão de disputar o governo do Estado: a dobradinha com o presidente Jair Bolsonaro, com quem mantém excelentes relações, e que deverá concorrer à reeleição ao Palácio do Planalto. Neste segundo turno, Romero decidiu tomar partido em João Pessoa, onde não apareceu no primeiro. Ele veio à Capital anunciar apoio à candidatura de Nilvan Ferreira, do MDB, contra Cícero Lucena, do PP.
Em João Pessoa, o prefeito Luciano Cartaxo (PV), que também está concluindo o segundo mandato e perdeu cacife eleitoral ao não levar a sua candidata Edilma Freire para o segundo turno, já anunciou que está à espera da definição do segundo turno, entre Nilvan Ferreira e Cícero Lucena, para dar partida ao processo de transição ao sucessor. Assegurou, de antemão, que será absolutamente transparente no processo, repassando todas as informações que forem solicitadas, juntamente com integrantes da sua equipe. O gestor também deixou claro que o novo prefeito de João Pessoa encontrará uma máquina administrativa enxuta e equilibrada financeiramente, além de dispor de recursos da ordem de US$ 100 milhões, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, para investimentos em obras e ações de infraestrutura e desenvolvimento da Capital. O prefeito e sua ex-candidata Edilma Freire declararam neutralidade no segundo turno diante das candidaturas de Nilvan e Cícero Lucena.