Nonato Guedes, com agências
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, ontem, que se o partido Aliança pelo NBrasil não sair, em março vai buscar uma nova opção. “Não é fácil formar um partido hoje em dia. A gente está tentando e se a gente não conseguir em março vamos ter uma nova opção”, disse ele a um apoiador no Palácio da Alvorada. Eleito presidente pelo PSL, Bolsonaro desfiliou-se da legenda por divergências com a sua direção e começou um trabalho para ajudar na criação da sua própria legenda, o Aliança.
Entretanto, a efetivação do partido não deslanchou até agora. Apoiadores do presidente tentaram criá-lo para as eleições municipais, mas avaliaram como inviável a organização de uma legenda em plena disputa eleitoral e preferiram manter-se em outros partidos já estruturados que compõem a base de apoio do presidente da República. Bolsonaro já admitiu publicamente conversas com pelo menos três partidos para ele se filiar – essa é uma condição imposta pela legislação eleitoral, caso ele queira disputar a reeleição em 2022.
O calendário apresentado por Bolsonaro ontem mostra que ele deve esperar a eleição para a presidência da Câmara Federal em fevereiro para tratar da sua filiação partidária. Boa parte dos aliados do presidente avalia que ele deve desistir da ideia de criar o Aliança e partir para uma sigla já existente. Os auxiliares presidenciais se dividem sobre se Bolsonaro deveria ir para um partido menor ou um mais consolidado como os do Centrão. O PP, o Republicanos e o próprio PSL são opções. Entre os nanicos, o Patriota é uma possibilidade – Bolsonaro quase se filiou ao partido em 2018 para disputar a eleição presidencial. O fato de Bolsonaro não ser filiado a partido algum foi apontado por aliados como um dos fatores que levaram à derrota de candidatos apoiados pelo presidente nas eleições municipais deste ano.
Teria sido mais fácil, avaliam os aliados, lançar candidatos de uma sigla da qual o presidente fizesse parte e associar o número deles ao do presidente, como ocorreu com o número 17 em 2018. Além disso, Bolsonaro não pode viajar para fazer campanhas pelo risco de ser acusado de desvirtuar viagens da Presidência para outros fins. Presidentes da República podem participar de campanhas políticas mas essas viagens costumam ser bancadas pelas legendas da qual fazem parte. Na Paraíba, onde conta com apoiadores na Assembleia Legislativa e em prefeituras de cidades importantes, não houve mobilização mais intensa para tentar viabilizar o Aliança pelo Brasil. Grupos de apoiadores chegaram a promover evento destinado à coleta de assinaturas de prováveis filiados à sigla, mas os resultados não corresponderam às expectativas.