A bancada do Partido Socialista Brasileiro-PSB na Câmara dos Deputados não votará de forma uniforme na eleição para a presidência da Câmara devido à decisão do partido de dar liberdade de posição aos seus integrantes. No entanto, em uma reunião promovida com os 31 representantes do partido, pelo menos dezoito deles anunciaram que pretendem apoiar a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), o representante do governo de Jair Bolsonaro na disputa.
A decisão provocou questionamentos sobre a verdadeira postura do PSB com relação ao atual governo, as quais tiveram resposta imediata do presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira (PE). Em entrevista à Folha de S. Paulo, o líder do partido justificou a posição da maioria a favor de Arthur Lira dizendo que “não existe hoje um candidato que não seja da base do governo”. Além disso, também declara que o apoio de seus parlamentares a Lira não significa um apoio ao governo ou ao bolsonarismo e enfatizou que o PSB “não arredará o pé da oposição”.
As articulações de bastidores sobre a sucessão no comando da Casa a partir do início do próximo ano foram reforçadas após decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, por maioria, de vetar a postulação do atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) para reeleição na legislatura subsequente. A maioria dos ministros do STF entendeu que a postulação fere a Constituição e rechaçou a validade de qualquer manobra nesse sentido. Com a manifestação, o Palácio do Planalto, que hostiliza Rodrigo Maia, sentiu-se liberado para encaminhar negociações visando ao lançamento de uma candidatura afinada com seus interesses. Arthur Lira é considerado o mais cotado na base governista em Brasília.
Ainda sobre o PSB: o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, afirmou que sua provável ida para o Partido Socialista Brasileiro não será um gesto individual. Em entrevista à jornalista Cynara Menezes, no Jornal da Fórum, Dino voltou a defender união da esquerda, afirmou que sua maior preocupação no momento é com o Maranhão e ajudar na política nacional, mas, como diz, “para juntar, pois já tem muita gente para espalhar” Ele enfatizou: “Procuro nesse momento mirar o principal, que é conseguir criar uma alternativa válida e competitiva para derrotar o bolsonarismo e outros setores da direita. Não é só derrotar o Bolsonaro. Para isso, precisa de todo mundo, senão, no primeiro turno, no segundo. A gente viu o que aconteceu no Rio de Janeiro em 2018, quando a esquerda saiu com três candidaturas e ficou fora do segundo turno”. Lembrou, ainda, que Eduardo Paes, do DEM, foi eleito prefeito do Rio este ano com os votos da esquerda contra o bolsonarista Marcelo Crivella (Republicanos).
Na opinião de Dino, a união para 2022 tem que ir além do PT, PCdoB e PSOL, sendo necessário juntar o campo político mais à esquerda e popular. “Nosso problema não é chegar ao segundo turno, é ganhar a eleição”, afirmou. “Ninguém constrói um caminho popular para o Brasil contra o PT, não necessariamente que deva ser do PT, mas vai ser contra o principal partido?”. Conforme Flávio Dino, a eleição de 2022 será dificílima e há poucos líderes nacionais. Questionado se será candidato, o governador diz que é preciso ter um coletivo que impulsione uma candidatura. “Não refuto, me dedicaria muito a essa missão, mas posso ser candidato a deputado, senador. A única coisa que não posso é ser candidato a governador novamente”. Dino está no seu segundo mandato. Foi reeleito em 2018 no primeiro turno com quase 60% dos votos, derrotando Roseana Sarney.