O presidente Jair Bolsonaro admitiu, ontem, dificuldades para a criação do Aliança pelo Brasil, partido que ele idealizou após se desfiliar do PSL, pelo qual foi eleito em 2018. O mandatário sinalizou que deverá definir até março a filiação a algum partido político, mas não avançou detalhes a respeito. Em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, Bolsonaro frisou: “Eu tenho falado que mais ou menos em março eu defino. Eu acho que o partido que nós começamos a formar vai ser difícil a formação. É muito burocratizado, é complicado fazer um partido. Se fosse há cinco ou seis anos, se tivesse pensado isso lá atrás, eu teria um partido para mim”, comentou. Ele informou, também, que não tomará nenhuma vacina contra o novo coronavírus.
O mandatário declarou que tem conversado com diversas siglas, incluindo o PP, partido ao qual já foi filiado até 2016, e o PTB, de Roberto Jefferson, além de partidos pequenos. “Não posso falar o nome do partido porque tudo pode acontecer. Então, em março, eu devo definir o partido para mim. Tenho vários partidos que estão me convidando. Tem meu ex-partido, o Progressistas, me convidando, fiquei muito honrado, o PTB também, e tem outros partidos pequenos”, salientou. Em novembro, Bolsonaro já havia falado sobre a opção. “Não é fácil formar um partido hoje em dia. A gente está tentando, mas se não conseguir, a gente, em março, vai ter uma nova opção, tá ok?”, apontou.
Há mais de um ano na tentativa de fundar o Aliança pelo Brasil, o presidente Jair Bolsonaro ainda está longe de atender aos requisitos para ter seu partido registrado no Tribunal Superior Eleitoral. São necessárias 492 mil assinaturas para que o partido seja criado, no entanto, até novembro, a sigla conseguiu reunir apenas 42,789 mil rubricas válidas, ou seja, perto de 9% do mínimo almejado. A intenção era de que a sigla deslanchasse ainda para as eleições municipais, o que não se concretizou. Na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a mostrar desconfiança quanto à imunização contra a Covid-19. Ele reforçou à TV Bandeirantes que vai liberar os R$ 20 bilhões para a compra das vacinas que forem aprovadas pela Anvisa mas que ele, particularmente, não vai tomar imunizante algum.
– Eu não vou tomar vacina e ponto final. Minha vida está em risco? O problema é meu – desabafou o presidente, reafirmando que a vacinação não pode ser obrigatória. “É universal, à disposição de quem quiser. Mas tem que ter responsabilidade. O fabricante fala que não é responsável pelo efeito colateral nenhum”, acrescentou. Na segunda-feira, Bolsonaro declarou a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada que pretende impor à população um termo de responsabilidade para quem quiser se vacinar, assumindo o risco de possíveis efeitos colaterais. Defensor ferrenho da cloroquina e da hidroxicloroquina, medicamentos que, ao contrário das vacinas, não têm comprovação científica contra o coronavírus, o presidente reafirmou sua confiança nos medicamentos. “Salvaram minha vida”, disse ele, que já teve Covid-19. “E minha mãe de 93 anos tem sempre uma caixa do lado dela”.
Mesmo com aumento de casos e de mortes em razão da doença no país, Bolsonaro disse acreditar que a pandemia está no final e que “estamos próximos a uma imunidade de rebanho”. Para ele, esta segunda onda de Covid-19 no país estaria ligada ao final de campanha das eleições e que as pessoas “que se cansaram de ficar em casa”. O presidente pediu, após criticar a vacina: “Não fechem tudo porque senão virá o caos e só Deus sabe o que vai acontecer com o Brasil”.