Nonato Guedes
Faltando exatamente 11 dias para concluir período de oito anos à frente da prefeitura municipal de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) anunciou que tão logo transmita o cargo ao prefeito eleito Cícero Lucena (PP) pretende descansar com a família, não revelando, porém, qual o destino. Em declarações a emissoras de rádio da Capital nos últimos dias, a pretexto de fazer um balanço dos dois mandatos para os quais foi eleito, Luciano Cartaxo reafirmou com ênfase que planeja preparar-se para concorrer ao governo do Estado nas eleições de 2022, não descartando outras opções. Aliados próximos especulam que, em último caso, Luciano possa disputar mandato de deputado estadual, que ele ocupou antes de ascender à prefeitura pessoense.
Se levar à frente o projeto de disputar o governo do Estado, ele estará retomando um script que foi interrompido em 2018 – quando, dentro do seu círculo e, junto a outras forças políticas, era tido como candidato natural ao Palácio da Redenção pela oposição ao esquema do então governador Ricardo Coutinho (PSB). Luciano, depois de uma demora desgastante, optou por permanecer à frente da prefeitura a pretexto de dar continuidade a projetos relevantes que havia encaminhado e articulou o lançamento do seu irmão gêmeo Lucélio, que acabou ficando em segundo lugar. Aquele pleito foi decidido em primeiro turno, com a vitória de João Azevêdo, que teve o apoio declarado de Ricardo mas com o qual rompeu após assumir o governo. Lucélio Cartaxo havia sido candidato ao Senado em 2014, fazendo sua estreia na atividade política. Mas perdeu a única cadeira em jogo, para o atual senador José Maranhão (MDB), que se recupera, em hospital particular em São Paulo, de consequências da Covid-19.
Luciano Cartaxo foi vereador em João Pessoa, deputado estadual e vice-governador, tendo assumido juntamente com José Maranhão em 2009 quando da cassação do mandato de Cássio Cunha Lima, do PSDB. Em 2018, ao abrir mão de concorrer ao governo do Estado, ele favoreceu uma aliança com os Cunha Lima e com o esquema do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), que está concluindo o segundo mandato. A chapa lançada ao pleito majoritário tinha como cabeça Lucélio Cartaxo e, na vice, a doutora Micheline Rodrigues, mulher de Romero. Para 2022, o próprio Romero Rodrigues tenciona ser candidato ao governo do Estado. Ele já anunciou claramente essa pretensão e tem ensaiado conversações políticas de bastidores.
Vitorioso na eleição municipal em Campina Grande, em primeiro turno, este ano, com a consagração do ex-deputado Bruno Cunha Lima, do seu partido, Romero recebeu em seu gabinete esta semana para uma conversa informal o ex-senador Cássio Cunha Lima. Houve troca de reminiscências e, naturalmente, confabulações políticas sobre o futuro, bem como sobre os desafios da administração de Bruno Cunha Lima. Enquanto isso, o prefeito eleito da Rainha da Borborema estava em João Pessoa para reunião com o governador João Azevêdo, em que discutiu estratégias para continuidade do enfrentamento ao coronavírus. A equipe de transição designada por Bruno para atuar junto à equipe do prefeito Romero Rodrigues já finalizou os trabalhos. A transição foi considerada absolutamente harmoniosa.