Nonato Guedes
O prefeito diplomado de João Pessoa, Cícero Lucena, do PP, optou por formar um secretariado ecumênico para acompanhá-lo na terceira empreitada à frente dos destinos do povo da Capital paraibana, misturando técnicos e políticos, aproveitando quadros oriundos da atual gestão de Luciano Cartaxo (PV), acolhendo indicações sugeridas pelo seu partido e pelo Cidadania, do governador João Azevêdo, de quem teve apoio, e impondo sua marca pessoal, intransferível, em algumas escolhas de Pastas estratégicas. Na fornada de mais seis nomes revelados ontem, repercutiu positivamente o anúncio do vereador, advogado e jornalista Marcos Vinícius para a secretaria de Comunicação, tendo como adjunto ou executivo o jornalista Janildo Silva, detentor de trânsito privilegiado em setores da mídia local pela própria atuação em veículos do ramo.
O secretariado é de bom nível e tem identidade com a filosofia concebida por Cícero para o terceiro mandato: a de proatividade e eficiência no cumprimento de desafios ingentes e urgentes, cristalizados a partir da eclosão da calamidade do coronavírus. O combate à epidemia e a guerra para salvar vidas e manter João Pessoa a salvo de incidência de casos de Covid em proporção alarmante são os pontos cardeais que vão nortear os primeiros passos da administração Cícero Lucena. O gestor tem a vantagem de contar com estreita parceria com o governo do Estado – o que não se verificou da parte da administração que está se encerrando. Conta a seu favor com o trânsito e a capacidade de articulação com a própria bancada federal paraibana e a interlocução em ministérios e órgãos importantes do governo federal.
O planejamento administrativo de Cícero Lucena concentra-se em dois eixos – o controle da epidemia não só na Capital mas na Grande João Pessoa, tendo em vista que a Capital é centro de gravitação sobre outros municípios da região metropolitana e do Estado como um todo, e as providências imediatas para conciliação das medidas sanitárias com a retomada das atividades econômicas. Homem forjado na iniciativa privada, o prefeito Cícero Lucena tem a exata dimensão das dificuldades que afetaram profundamente o comércio e outros segmentos produtivos, bem como dos índices de desemprego e da falta de perspectivas para contingentes expressivos de trabalhadores. Por isso mesmo terá que se desdobrar em várias frentes para proporcionar, mais do que alento, soluções práticas para o impasse que vive a atividade econômica.
A experiência é um trunfo a mais a favorecer as ações da administração pessoense a partir de primeiro de janeiro de 2021. Essa credencial, aliás, foi intensamente explorada, com bastante propriedade, pelo candidato Cícero Lucena, na recente campanha eleitoral, principalmente durante embates com adversários nos meios de comunicação ou por ocasião de debates em auditórios de segmentos específicos da sociedade, com suas propostas corporativistas para serem encampadas pelo poder público. A experiência também foi o diferencial que consagrou Cícero Lucena, tanto para ir ao segundo turno, num cenário pulverizado por inúmeras candidaturas, como para bater nas urnas o desafiante da rodada decisiva, o neófito radialista Nilvan Ferreira, do MDB, sem passagem destacada por cargos públicos relevantes e detentor de propostas vagas para os graves desafios da cidade de João Pessoa. A maioria do eleitorado preferiu confiar na experiência a apostar na incógnita, num momento dificílimo, extremamente delicado.
Cícero já havia anunciado Socorro Gadelha para a Habitação, Adenilson de Oliveira Ferreira para a secretaria do Tesouro, José Willian para o Planejamento, Fábio Rocha para a Saúde, América Assis para a Educação, Caroline Ferreira Agra para a Previdência Municipal, Bruno Nóbrega na Procuradoria-Geral do Município, Eudes Toscano na Controladoria-Geral. Agora, Valdo Alves foi confirmado na Administração, Daniella Bandeira na Coordenadoria de Patrimônio Cultural de João Pessoa, Vaulene Rodrigues no Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Marcus Alves na Funjope. Vale lembrar que Socorro Gadelha, Daniella Bandeira e Diego Tavares (atual senador em exercício) foram iludidos pelo prefeito Luciano Cartaxo com acenos de possível indicação como candidatos à sua sucessão. Renunciaram a cargos, para se desincompatibilizar, e acabaram logrados com a imposição de um nome caseiro – o da ex-secretária de Educação, Edilma Freire, concunhada do prefeito Luciano, que não chegou ao segundo turno. Cícero não se fez de rogado quanto a aproveitar quadros que podem oxigenar a sua terceira gestão.
Em meio à azáfama dos preparativos para se reinvestir na prefeitura de João Pessoa e ao corre-corre das celebrações de fim de ano, o que se nota é que o prefeito Cícero Lucena conseguiu preparar-se para voltar em alto estilo ao comando do executivo da Capital paraibana, superando, inclusive, eventuais obstáculos no período de transição da parte de integrantes da equipe do gestor que se despede. Lucena tem pressa em avançar no diagnóstico do que precisa ser feito. E não é menor a pressa da população pessoense para, finalmente, ter soluções mais concretas para problemas que só se agravaram nos últimos meses. O secretariado e o vice-prefeito Léo Bezerra fornecerão a Cícero a retaguarda para tornar viáveis os projetos a que João Pessoa aspira.