Nonato Guedes
“Vivemos o melhor ano da nossa história no cenário político paraibano e vamos nos preparar para continuar ocupando espaços e posições de protagonismo” – afirmou, ontem, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Partido Progressista, ao comentar o desempenho da legenda em 2020 nas eleições municipais, com a conquista da prefeitura de João Pessoa, mediante a eleição de Cícero Lucena, e a manutenção da vice-prefeitura de Campina Grande, com Lucas Ribeiro na chapa vitoriosa de Bruno Cunha Lima, do PSD. Salientou Ribeiro que houve outras vitórias pontuais em municípios paraibanos, demonstrando que há mudança de eixo na política do Estado e que o PP, liderado pelo seu pai, Enivaldo Ribeiro, está bem posicionado nessa realidade.
Em declarações a uma emissora de rádio da Capital, a 98 FM, do Sistema Correio, Aguinaldo explicou que no pleito de 2020 ocorreram alianças “peculiares” em várias cidades e regiões, levando em conta fatores locais, o que fez com que o PP estivesse aliado em João Pessoa ao “Cidadania” do governador João Azevêdo e, em Campina, ao PSD do ainda prefeito Romero Rodrigues, que deseja ser candidato contra Azevêdo na eleição de 2022. Observou, porém, que essas composições não criaram problemas para o fortalecimento e a própria sobrevivência do PP. Pelo seu raciocínio, o partido agiu de forma pragmática, respeitando a diversidade de interesses na conjuntura paraibana. Quanto a desdobramentos das alianças para 2022, alertou que as definições se darão no tempo oportuno e preveniu que o próprio PP tem alternativas de expressão para disputas majoritárias.
Irmão da senadora Daniella Ribeiro, a primeira mulher eleita para o cargo na história da Paraíba, que ainda está licenciada do mandato, Aguinaldo historiou bastidores da articulação para sua provável candidatura à presidência da Câmara dos Deputados com o apoio do bloco liderado pelo atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele salientou que sua desistência em concorrer, abrindo mão para a candidatura do deputado Baleia Rossi, do MDB-SP, foi consensual no bloco liderado por Rodrigo Maia, dentro de um projeto focado na manutenção da autonomia do Poder Legislativo contra interferências de outros Poderes, especialmente do Executivo. Baleia Rossi concorre, até agora, contra Arthur Lira, do PP-AL, que é apoiado ostensivamente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Aguinaldo contou que sua posição alinhada com o bloco de Rodrigo Maia foi comunicada ao senador Ciro Nogueira (PI), líder maior do PP nacional e que não houve restrição à postura.
Ele fez uma espécie de “libelo” em defesa da independência do Congresso Nacional, ressaltando que aquele Poder está imbuído do senso de cooperação com outros Poderes, e apelou para que seja respeitada a Constituição no capítulo em que define a relação de autonomia entre Poderes sem prejuízo da harmonia. Para Aguinaldo, que é relator da comissão especial que analisa a reforma tributária, a própria Câmara dos Deputados ofereceu exemplos concretos, em plena pandemia do novo coronavírus, de proatividade em defesa dos interesses da população e de apoio a medidas tomadas de alcance público tomadas pelo governo federal. “Ficou evidenciado que o radicalismo não é o caminho para o enfrentamento dos graves problemas nacionais. Nesse sentido, é condenável, por exemplo, a politização que está sendo feita em torno de uma questão de segurança sanitária – a vacinação contra a Covid-19”, pontuou o parlamentar.
Ao avaliar as chances de vitória do deputado Baleia Rossi à sucessão na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro opinou que são indiscutíveis diante da sólida articulação que, segundo ele, tem sido montada por líderes de diferentes partidos, inclusive, representantes do Partido dos Trabalhadores e do PSL, ex-partido do presidente Jair Bolsonaro, que possuem diferenças ideológicas. “O que está em jogo na Câmara, acima de tudo, ou com prioridade absoluta, é a necessidade de preservação das conquistas e prerrogativas do Parlamento, uma luta que é suprapartidária. Há um espírito de reação legítima, natural, contra interferências externas, da mesma forma como o Legislativo não procura extrapolar competências nem invadir esferas de poder de outras instâncias. Isto faz parte da essência democrática”, finalizou Aguinaldo Ribeiro.