Nonato Guedes
Dois anos da administração João Azevêdo já se esgotaram à frente dos destinos da Paraíba e ele ingressa no terceiro ano com o radar ligado nas metas de execução de obras de impacto para a população e de viabilização de investimentos de vulto que potencializem o compromisso com o incremento do desenvolvimento social e econômico, assumido com ênfase na campanha eleitoral de 2018. João Azevêdo deve esta contribuição como governador até para fazer jus à sua decantada vocação para empreender projetos concebidos na sua trajetória de técnico qualificado e de pensador de soluções para os grandes desafios intrinsecamente associados ao crescimento do Estado no contexto nordestino e nacional. O planejador de políticas públicas de resultados é chamado à colação para começar a apresentar programas eficazes e de amplo alcance, fazendo deslanchar a condição de competitividade com que paraibanos sempre sonharam.
Tomando-se em retrospecto a trajetória de João Azevêdo é inevitável mencionar as mutações que a permearam em pouco tempo na vida pública. Ele foi retirado do cadinho burocrático para mergulhar na agitação da vida pública, a partir do estágio na movimentada política-partidária, que até então acompanhava apenas nos bastidores. Coube ao ex-governador e ex-aliado Ricardo Coutinho catapultá-lo para o novo e sinuoso universo, cheio de armadilhas e de truques de encantamento e sedução, especialmente para os neófitos ou jejunos no “mister”. Algo diametralmente oposto ao “mundinho” técnico-burocrático, uma espécie de território livre para aventureiros e para bem-intencionados, de pessoas que querem se servir do poder para se locupletar e de pessoas que querem usar o poder para ajudar a fazer o bem, a distribuir bondades e benefícios com os que mais carecem, os que são vítimas da discriminação, das desigualdades intermináveis.
Ricardo Coutinho, surpreendendo a Paraíba e o próprio país, desviou-se no comportamento, enrolou-se em ações de natureza policial, a ponto de responder a processos no âmbito da Operação Calvário, que versa sobre desvios de recursos públicos da Saúde e Educação, e já inscreveu no currículo a primeira derrota política após deixar o poder: na eleição para prefeito de João Pessoa, título que ele ostentou por duas vezes em outro período, ainda recente, da história paraibana. Com seu personalismo incontrolável, Ricardo acabou desmontando o próprio partido em cujo crescimento se empenhara, o PSB, de tal sorte que a outrora agremiação dos girassóis coleciona perda sobre perda, defecções inumeráveis para quem cresceu de forma substancial e desalojou legendas tradicionais dominantes na Paraíba.
Azevêdo, na fase de colheita, beneficiou-se da eleição em 2018 pelo PSB – e mais cedo do que se esperava teve que enfrentar contestações à sua liderança e à sua autoridade como chefe do Executivo por parte do antigo aliado Ricardo Coutinho, agastado com a falta de espaços para continuar mandando nos cordéis do poder. Foi, então, praticamente “expulso” da legenda socialista, mediante intervenção ou operação “manu militari” que destituiu o diretório regional onde já despontavam seus aliados políticos. Em tempo recorde, o governador logrou mobilizar contra-ofensiva fulminante, compensando a saída forçada do PSB com o ingresso acolhedor no “Cidadania”, onde atualmente comanda agrupamento identificado com suas ideias e seu projeto político. A migração partidária foi a “carta de alforria” de Azevêdo em relação ao jugo atrabiliário emanado de Coutinho.
O destaque no teste como tocador de obras teve que ser postergado por causa de uma missão mais urgente – a de administrador de crises, a exemplo da mais grave crise sanitária que se abateu sobre o planeta, com a eclosão e o alastramento da epidemia do novo coronavírus. Cuidar de salvar vidas transformou-se, então, na prioridade absoluta, no grande objetivo perseguido pelo governador e por sua equipe, o que se refletiu na garantia e ampliação de leitos hospitalares para atender a pacientes contaminados pela Covid-19, na melhoria dos hospitais e unidades de saúde e no desafio de equipar tais estabelecimentos de forma a acolher pessoas infelicitadas pela doença. Recursos tiveram que ser alocados, substancialmente, para a Saúde Pública, numa cruzada de sobrevivência que alcançou gestores de um modo geral em todo o país e em todo o mundo. A Paraíba mantém uma situação estável no contexto da proliferação do coronavírus, o que sinaliza quadro sob controle, mas a exigir atenção redobrada. A cruzada pela Saúde envolve, agora, uma etapa mais complexa – a da preparação da Paraíba para uma campanha de vacinação em massa de grupos sociais vulneráveis ao coronavírus. O plano está montado e promete ser eficiente, se até lá não pipocarem fatores e condicionantes supervenientes.
Dentro da perspectiva de que a população venha a respirar com a vacina, o governador João Azevêdo e equipe avançaram, no segundo semestre do ano passado, na formulação de projetos para execução a partir de 2021, focados na geração de emprego e renda e na reativação de atividades bruscamente interrompidas ou de arranjos de produção neutralizados pelas medidas restritivas no bojo da crise sanitária. Será, então, a oportunidade para demonstração do deslanche administrativo, congelado até aqui. Ninguém mais ansioso, é claro, do que o próprio chefe do Executivo, para deixar marcas de obras de impacto em favor da sociedade. Mas é a população, asfixiada com os efeitos da crise, que mais reivindica e que mais espera por uma luz no fim do túnel com a virada do ano de 2020 e o despontar de 2021.