Empossado, mais uma vez, na última sexta-feira, na prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, do Democratas, criticou seu antecessor no cargo, Marcelo Crivella (Republicanos) e o culpou pela crise econômica enfrentada pela cidade. “Nunca na história do Rio de Janeiro um prefeito recebeu de seu antecessor uma herança tão perversa. Servidor esperando pagamento que não vem, 15 folhas de salários para o próximo ano, um desafio fiscal colossal que alcança a marca de R$ 10 bilhões. Esse é o cenário desastroso das finanças da prefeitura, mas não desastroso o suficiente para nos abater”, comentou. Apesar de fazer várias críticas ao agora ex-prefeito Marcelo Crivella, Paes disse que não adotará o discurso de “herança maldita”.
– Sabemos que a situação da cidade é muito crítica e que o legado deixado pela gestão que me antecede não é bom. Isso, sem abrir que fatos concretos sejam apurados e que o diagnóstico da situação que estamos encontrando seja informado de forma transparente à nossa cidade, não quer dizer de maneira nenhuma que ficaremos olhando para trás e reclamando de herança maldita. Essa já foi negada pelos cariocas no último dia 29 de novembro”. Além de não ter sido reeleito, Marcelo Crivella chegou a ser preso nos últimos dias do mandato na prefeitura do Rio, em caráter preventivo, tendo a sua defesa conseguido que ele cumprisse medidas punitivas domiciliares. Neste domingo, Eduardo Paes anuncia uma série de ações contra a disseminação do coronavírus. Ele já administrou a cidade por outros dois mandatos, de 2009 a 2016. Junto com César Maia, Paes é o único prefeito que chegou a um terceiro mandato no Rio de Janeiro.
O político do DEM comentou sobre o apoio que recebeu de políticos de esquerda, como PT e Psol, que o ajudaram no segundo turno para evitar a reeleição de Crivella. “Eu tenho a perfeita noção que se uniu em torno de minha vitória no segundo turno um conjunto de forças políticas, várias delas representadas aqui, que acima de tudo queriam uma mudança para a nossa cidade. A todos eles, meu muito obrigado. Sei que muitas dessas forças pensam diferente de mim em quantidade grande de temas, mas minha vitória mostrou que é possível estabelecer consensos mínimos quando o interesse da sociedade é colocado em risco”, expressou Eduardo Paes no discurso de posse. Sobre o atraso no pagamento aos servidores, o prefeito carioca revelou:
– Que não tem dinheiro em caixa, eu tenho certeza. É muito fácil distribuir contracheques e não deixar o dinheiro em conta. Nós vamos fazer todo o esforço do mundo para regularizar a situação, inclusive equacionar os problemas causados por folhas de pagamento a descoberto. O fato é que não deixaram qualquer recurso em caixa – frisou. O secretário de Finanças, Paulo Paes, confirmou a gravidade das contas da prefeitura, citando que já na transição entre gestões a equipe de Paes tinha mapeado que a conjuntura era muito grave. “Desde o primeiro momento a gente trabalhou com um cenário bastante pessimista, que está se confirmando. O volume de restos a pagar é enorme. É algo que nem a secretaria tem a dimensão ainda do tamanho”.