Nonato Guedes, com agências
A bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, depois de aprofundar discussões internas, resolveu manifestar apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Casa, sucedendo ao deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). A posição do PT fortalece a candidatura de Rossi contra o nome patrocinado pelo Planalto para o cargo: o do líder do Centrão Arthur Lira, do PP-AL. Embora a tendência petista fosse o apoio a Rossi, havia membros do partido que defendiam o lançamento de candidatura própria da oposição para se juntar ao emedebista num eventual segundo turno ou não ficar ao lado dele pelo fato de Baleia ser do MDB.
Em postagem no Twitter, o deputado Baleia Rossi sublinhou: “A Frente Ampla ficou ainda maior. O PT anunciou apoio à nossa candidatura. É um grande dia para quem defende uma Câmara livre e independente. Somos 11 partidos diferentes. Divergimos em muitos assuntos, mas estamos juntos na defesa de uma democracia viva e forte”. Baleia Rossi é presidente nacional da sigla de Eduardo Cunha, que possibilitou a abertura de impeachment contra a petista Dilma Rousseff, e de Michel Temer, que assumiu a presidência da República após o processo, na condição de vice. A hipótese de candidatura própria da oposição ou do PT estava no radar até ontem, como informa o UOL. Todavia, com a decisão de outras siglas de esquerda, como PCdoB e PSB, de já aderirem a Baleia, a corrente mais pragmática do PT se sobressaiu.
Por trás da candidatura de Baleia Rossi opera o grupo político ligado ao atual presidente Rodrigo Maia, que foi impedido pelo Supremo Tribunal Federal de concorrer à reeleição. Agora, com a manifestação do PT, o candidato do MDB conta com o apoio de cerca de 280 deputados federais, contra aproximadamente 175 do grupo de Arthur Lira. Compõem o bloco de Rossi PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania, PV, Rede, além da oposição, com exceção do PSOL. Este último partido ainda discute se apoiará Rossi ou se lançará candidatura própria para marcar posição, como costuma fazer. Apesar de estar em menor número de aliados, a perspectiva do grupo de Lira é que este consiga votos de integrantes do PSB, PSL, PSDB, Cidadania e do DEM – neste último caso, se o MDB também realmente sair com candidato próprio à presidência do Senado. Um fator que pesa a favor de traições é que o voto é secreto. Lira deve começar a viajar pelo país para conversar com deputados aliados e com outros que são tidos como “desgarrados”. Baleia pretende lançar a candidatura oficialmente amanhã e começar a viajar na quinta-feira. A eleição interna da Câmara está prevista para a primeira semana de fevereiro.