Nonato Guedes, com agências
O cantor e compositor paraibano Genival Lacerda, que morreu hoje aos 89 anos no Recife, em decorrência de complicações da Covid-19, foi um dos grandes nomes do forró e, pelo seu carisma e irreverência, tornou-se um ídolo popular. Conhecido por todo o Brasil, durante 64 anos de carreira, era um símbolo da cultura do Nordeste. Depois de atuar no Recife ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1964 e a consagração nacional veio com a música “Severina Xique-Xique”, de 1975. O refrão “ele tá de olho/é na butique dela” virou sua marca. Em seguida, vieram sucessos como “Radinho de pilha”, “Mate o véio” e “De quem é esse jegue”, que consolidaram o estilo bem humorado de “Seu Vavá”, como também era conhecido. A sua morte repercute profundamente nos meios artísticos, culturais e jornalísticos do Estado de origem, onde sempre foi reconhecido pela projeção alcançada. O presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, destacou o importante papel de Genival Lacerda para o forró, levando o clima descontraído para suas letras e danças marcantes e com muito bom humor.
“Genival Lacerda era um artista único, que inspirou e animou os paraibanos com seu jeito simples e desinibido”, acrescentou Adriano Galdino. Antes da pandemia, o músico fez uma visita à sede do Poder Legislativo Paraibano, em meados de 2019, tendo sido recebido por parlamentares. Aproveitou para tirar fotos com servidores, profissionais da imprensa e pessoas presentes no recinto. Genival nasceu em Campina Grande, em 5 de abril de 1931. Chegou a trabalhar na cidade como radialista, mas fez a primeira gravação como cantor quando já morava em Recife, para onde se mudou em 1953. Gravou seu primeiro disco em 1956, um compacto duplo com “Coco de 56”, escrito por ele e João Vicente, e o xaxado “Dance o xaxado”, feito por ele com Manoel Avelino. Também gravou diversos álbuns e ficou conhecido pelo Nordeste como músico e radialista durante esta fase no Recife. Viveu no Rio durante o auge da popularidade do forró no Sudeste e conviveu com outros artistas fundamentais do estilo como Dominguinhos e Luiz Gonzaga. Com Jackson do Pandeiro, teve uma relação ainda mais próxima, mesmo sendo bem mais novo. A irmã de Jackson, Severina, foi casada com um irmão de Genival.
O G1 informa que desde os anos 90 Genival Lacerda voltou a residir no Recife. Nos últimos anos, não tinha novos sucessos nas emissoras de rádio, mas manteve o ritmo de shows e o reconhecimento popular. No final de 2017, recebeu no Palácio do Planalto a medalha da Ordem do Mérito Cultural. Na cerimônia, Genival tirou tirou seu chapéu estampado de bolinhas ao passar diante do então presidente Michel Temer.A notícia da morte do músico foi confirmada pelo seu filho, João Lacerda. Ele fora internado no dia 30 de novembro de 2020, no Hospital Unimed I, na Ilha do Leite, na área central da capital pernambucana. Com Covid-19, ele foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
No dia quatro de janeiro, Genival Lacerda teve uma piora no quadro de saúde, segundo o boletim divulgado pela família. Ontem, a família havia iniciado uma campanha de doação de sangue para o cantor. Em 26 de maio de 2020, Genival Lacerda havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico e deu entrada no Hospital d’Avila, na Zona Oeste da capital pernambucana. Recuperado, teve alta três dias depois de ser internado. Ele abrilhantou, ao longo da carreira, inúmeras festas juninas, sobretudo na região Nordeste e sua trajetória foi pontuada por milhares de apresentações em diferentes localidades e em programas de auditório nas emissoras de rádio e televisão, sempre divulgando a autêntica música nordestina.