Nonato Guedes
O comentário feito pelo presidente Jair Bolsonaro de que o Brasil está “quebrado” e, por isso, ele não consegue “fazer nada”, provocou reações de senadores da oposição nas redes sociais, com insinuações para que o mandatário e o vice, general Hamilton Mourão, renunciem. O senador Fabiano Contarato, do Rede-ES, escreveu: “O Brasil não está quebrado; está sem governo, maltratado pela inépcia presidencial e por uma política econômica e de saúde desgovernada. Não dá conta do desafio? Renuncie e liberte o país desse infortúnio”. O senador Humberto Costa, do PT-PE, fez eco a essa crítica e acrescentou que o país precisa de “experiência” no Poder Executivo.
– Se o presidente não consegue fazer nada, ele e seu vice precisam renunciar e entregar a salvação do Brasil a quem sabe fazer – cobrou. Jean Paul Prates, do PT-RN, observou que Bolsonaro entra para a história como o único presidente de um país que, voluntariamente, atrai a desconfiança dos investidores. Segundo o senador, é preciso alertar para o fato de que, apesar do presidente e da pandemia do novo coronavírus, o país não quebrou. “Bolsonaro gosta de dizer que administra o país apenas quando algo lhe favorece. Não assume os problemas e culpa a imprensa por cada bobagem que seu governo comete. Sabota a vacinação e os mais pobres para, descaradamente, atribuir os problemas do país a qualquer um que não seja de sua turma”, criticou.
Oriovisto Guimarães, do Podemos-PR, mencionou o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que liderou o Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, para criticar a postura de Bolsonaro. “Nas situações difíceis é quando conhecemos os verdadeiros estadistas. Para liderar um povo, é preciso ter grandeza de espírito, inteligência e cultura. Fazer piadinhas com a covid-19, chamar o povo de marica, nada disso combina com a postura de um estadista”, repreendeu. Randolfe Rodrigues, do Rede-AP, disse que o Executivo não tem plano para sair da crise, não tem medidas de combate à pandemia, vacina, emprego, nem auxílio emergencial. Afirmou, ainda, que, finalmente, o presidente assumiu que não há governo. Segundo o parlamentar, os brasileiros não merecem descaso. “Realmente, Bolsonaro já provou que para solucionar problemas não tem habilidade alguma. Para causá-los, porém, segue seu melhor dom. O país está quebrado pela irresponsabilidade de sua gestão. Assumir isso já seria um começo interessante”.
Cid Gomes, do PDT-CE, comentou que a declaração de Bolsonaro se deve ao fato de que o presidente “não tem projeto, não tem proposta, nem experiência”. E apontou: “O Brasil está de joelhos e o presidente de férias na praia”. Paulo Rocha, do PT-PA, ressaltou que Jair Bolsonaro se recusou a salvar vidas de 197 mil brasileiros afetados pela Covid-19, sob uma falsa justificativa de que seu foco era socorrer a economia. “Mentiu nas duas pontas. Nada mais tem jeito. Bolsonaro não entende bulhufas de economia e nem tem competência para administrar nada”, protestou. Por sua vez, Jorge Kajuru, do Cidadania-GO, recomendou que o presidente pense mais nos seus eleitores. “Presidente, sobre a mídia, o senhor tem toda a razão, mas ela não é unanimidade. Portanto, pense no povo que lhe escolheu e não aceita desculpas oportunistas”, observou. A fala de Bolsonaro foi dada a correligionários na porta do Palácio da Alvorada. Ele também criticou a imprensa no seu primeiro pronunciamento público ao voltar das férias, como informa o UOL.
Bolsonaro frisou que queria mexer na tabela do Imposto de Renda “mas esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos, essa mídia sem caráter, num trabalho incessante de tentar desgastar o governo para retirar a gente daqui e fazer voltar alguém que atenda a interesses escusos, somente atrapalha”. E desabafou: “O país está quebrado e eu não consigo fazer nada”.