Nonato Guedes
O radialista Nilvan Ferreira, que obteve 163.030 votos na eleição para disputa de João Pessoa e que chegou a se considerar “vencedor moral da eleição”, proclamada em favor do candidato Cícero Lucena, do PP, prepara-se para voltar à TV Correio/Record, do Sistema Correio de Comunicação, para apresentar programa jornalístico. Os entendimentos foram confirmados pela direção da emissora. Nilvan era vinculado à empresa até a campanha eleitoral de 2020, quando resolveu disputar a prefeitura da Capital pelo MDB. Ele alcançou resultado expressivo, que o colocou no segundo turno, em confronto com Cícero, que venceu por diferença estreita. Recentemente, o ex-candidato antecipou o retorno a órgãos de comunicação, alegando que precisava garantir “o leite das crianças”.
Uma eventual mobilização política de Nilvan no pós-eleitoral chegou a ser cogitada, mas tornou-se complicada por um motivo de força maior: a internação do senador José Maranhão, presidente estadual do partido, em hospital da Paraíba, posteriormente em São Paulo, para tratar-se da covid-19. O radialista, no rescaldo da campanha, admitiu que poderia vir a liderar a oposição à administração empossada em janeiro, explicando que foi colocado nesse papel por grande número de eleitores. Ao avaliar o pleito, ele se considerou vítima de muitos ataques, de “fake news” e de influência de máquinas políticas e partidárias. Foi quando prognosticou que iria continuar “brigando” pelo interesse do povo de João Pessoa. A eleição para prefeito em 2020, adiada para 15 de novembro por causa da pandemia de covid-19, foi a primeira de que Nilvan participou. Seu desempenho foi surpreendente, num universo de 14 postulantes, a ponto de avançar para o segundo turno contra Cícero Lucena.
Dentro do MDB paraibano, as atenções se dividem entre as notícias sobre a saúde do senador José Maranhão e a definição de filiação do senador Veneziano Vital do Rêgo aos quadros da legenda. Veneziano, que já pertenceu ao PMDB, oficializou sua saída do PSB, onde enfrentava “incompatibilidades políticas” e ficou sem partido, tendo recebido propostas de diferentes agremiações, entre as quais o Podemos. A mulher do parlamentar, Ana Cláudia, candidatou-se por essa sigla à prefeitura de Campina Grande no ano passado, ficando, porém, em segundo lugar. O retorno de Veneziano ao MDB, conforme noticiado pela mídia sulista, seria mais viável e entendimentos de bastidores já vinham envolvendo senadores e parlamentares de outros Estados com quem o paraibano criou laços.
Igualmente foi noticiado que Veneziano ingressaria no MDB com “credenciais de prestígio” para ocupar postos de relevância no partido, dado o seu peso à frente do mandato de senador e à sua importância no cenário político estadual. A hipótese de divisão do comando com o senador José Maranhão chegou a ser admitida informalmente em círculos emedebistas, mas o senador Veneziano sempre procurou ser discreto em relação ao assunto e a outras especulações. Em todo caso, figuras como o ex-governador Roberto Paulino e seu filho, Raniery, deputado estadual, sempre trataram Veneziano como um “quadro valioso” para fortalecer e impulsionar as fileiras do MDB. O partido vinha perdendo espaços na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, mas ganhou alento nas eleições municipais do ano passado e festejou sinais de ressurreição em João Pessoa, como reflexo da ascensão de Nilvan Ferreira ao segundo turno da disputa para prefeito. As discussões sobre os rumos da legenda se intensificarão ainda em 2021, asseguram fontes da cúpula emedebista paraibana. Maranhão formalizou pedido de licença, abrindo espaço para que Nilda Gondim, mãe de Veneziano, assuma a titularidade, temporariamente. Nilda já exerceu mandato de deputada federal e é filiada ao MDB.