O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi ao Twitter, ontem, e chamou o presidente Jair Bolsonaro de “covarde”. A crítica foi feita após matéria da revista “Veja” divulgar que o chefe do Executivo culpa o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por sua perda de popularidade e pelo atraso da vacina contra o coronavírus. De acordo com a “Veja”, durante reunião ministerial, Bolsonaro teria dito, “meio brincando, meio à vera”, que a covid-19 “baqueou Pazuello e que ele não dá conta de mais nada”.
Ainda de acordo com a nota da revista, o clima para o ministro só melhorou após ter atacado a imprensa durante a coletiva para detalhamento sobre a medida provisória da vacina. O Planalto está sob pressão diante do fato de que em vários países a vacinação contra a covid está avançada. Os governadores aguardam ansiosos um detalhamento pelo Ministério da Saúde do Plano Nacional de Imunização. A expectativa é de que ele seja apresentado em reunião na terça-feira, 12. Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho, do MDB, é preciso também “alinhar” a logística com o time de Eduardo Pazuello. O ministro começou a falar em imunização em duas semanas mas ninguém viu os detalhes. Entre as muitas dúvidas ninguém sabe se haverá seringa para todos os Estados.
– Em condições normais, já estaríamos com tudo pronto. Precisamos correr contra o tempo porque está tudo atrasado – disse Barbalho. Para Wellington Dias, do PT do Piauí, a liminar do ministro Ricardo Lewandowki, do Supremo Tribunal Federal, impedindo que o governo federal requisitasse seringas e agulhas compradas pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deu segurança jurídica para outros Estados e municípios. “Se insistisse na requisição, o ministério poderia desorganizar o sistema de vacinação estadual”, explica o governador do Piauí. Dias ressalta que, para ajudar, o governo federal tem que comprar ou requisitar de indústrias ou distribuidoras que tenham estoque. Salientou que os Estados ou municípios fizeram um esforço por seringas, agulhas e EPIs, para suportar a vacinação, considerando até a insegurança se haveria entrega por parte da União.
Nas ações de conflitos federativos, o ministro Lewandowski, como informa o jornal “O Estado de S. Paulo”, tem tido um posicionamento de garantir autonomia aos Estados. Mas quem quiser ter a segurança jurídica de São Paulo terá de acionar o Supremo Tribunal Federal. No Vaticano, o papa Francisco anunciou que será vacinado contra a covid-19 esta semana e denunciou, em uma entrevista televisionada, parcialmente transmitida ontem, o “negacionismo suicida daqueles que se opõem a este remédio contra a pandemia”. O Pontífice expressou que não consegue explicar o referido negacionismo e considera que somente a vacinação poderá neutralizar tal onda. “Acredito que, do ponto de vista ético, todos devem ser vacinados, porque você não só põe em risco a sua saúde, a sua vida, mas, também, a dos outros”. Mencionou que, quando era criança, lembra-se da epidemia de poliomielite, por causa da qual muitas crianças ficaram paralisadas e todo o mundo esperava ansiosamente pela vacina. “Quando a vacina chegou, davam com açúcar”, recordou Francisco. O papa arrematou: “A gente cresceu na sombra das vacinas, contra o sarampo, contra isso, contra aquilo….vacinas que davam para crianças”.