O governo do presidente Jair Bolsonaro foi alvo de inúmeras críticas, ontem, após o anúncio bombástico sobre a saída da montadora Ford do Brasil. A atuação do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi particularmente condenada em redes sociais e em declarações de políticos, adversários ou aliados ao governo. A empresa estadunidense anunciou que fechará todas as fábricas, encerrando a produção no país. O deputado federal Jorge Solla, do PT da Bahia, sede de uma das fábricas fechadas, disparou: “O fechamento da Ford é resultado da estupidez intelectual de Paulo Guedes e sua equipe, estagnados no ultrapassado receituário neoliberal da década de 70. Num cenário de depressão econômica, em vez de políticas anticíclicas, eles apostaram em mais arrocho e nenhum investimento”.
E mais: “Catalisaram ainda mais o ciclo vicioso de redução do consumo e, em consequência, redução da produção industrial. Indústrias fecham sem demanda, aumenta o desemprego e, em consequência, cai ainda mais o consumo de industrializados”. De acordo com Solla, o governador Rui Costa, do PT, está buscando alternativas junto a montadoras chinesas para tentar superar a situação que, segundo ele, “sangra a Bahia”. Observou que são mais de 10 mil empregos diretos e que a Ford representa 2% do PIB da Bahia, 1,7% da massa salarial do Estado e 10% da arrecadação do ICMS. O ex-ministro Ciro Gomes também subiu o tom contra o governo. “Que desastre, meu Deus do céu! A Ford anunciou que vai fechar todas as suas fábricas no Brasil. Com a saída de mais uma montadora, nosso país segue afundando no processo de desindustrialização. Bolsonaro vai liquidar nossa Nação! Congresso, cumpra seu dever: Impeachment-Já”, tuitou.
O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, também criticou o governo. “O fechamento da Ford é uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. O sistema que temos se tornou um manicômio nos últimos anos, que tem impacto direto na produtividade das empresas. Espero que essa decisão da Ford alerte o governo e o parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil”. O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, disse que a desindustrialização é um dos principais problemas do Brasil. “Precisamos de política industrial e de distribuição de renda para impulsionar nosso poderoso mercado interno, gerando demanda. O fechamento da Ford é mais uma “conquista” desse período de trevas em que vivemos”, escreveu.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) tuitou: “Não é notícia normal o fechamento de uma indústria como a Ford, há 100 anos no Brasil. Em dezembro foi a Mercedes. O mercado tem suas regras, mas certamente os fatos demonstram que faltam ao governo federal políticas industriais e de emprego competentes. Lamentável”. A deputada Sâmia Bonfim, do PSOL-SP, líder do partido na Câmara, reagiu: “O fracasso do neoliberalismo: Ford fechará suas fábricas no Brasil. As “soluções” de Guedes e do mercado são um desastre. Mesmo com teto de gastos, reforma trabalhista e da previdência, o desemprego segue crescendo. Seguiremos lutando por uma economia a serviço da dignidade do povo”.