Nonato Guedes
A deputada federal Luíza Erundina (PSOL-SP), ex-candidata a prefeita da capital paulista nas eleições de 2020, incitou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), através das redes sociais, a fazer “o que já deveria ter feito há muito tempo e não fez: encaminhar o processo de impeachment desse presidente genocida”, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Rodrigo está terminando mandato à frente do comando da Casa Legislativa e teve barrada pelo Supremo Tribunal Federal uma articulação que ensaiou pleiteando o direito de recondução. Erundina, que é paraibana, disse ainda em seu recado direto a Maia: “faça logo enquanto você tem tempo, senão passará para a História como omisso ou conivente com os inúmeros crimes cometidos pelo presidente da República”.
A atribuição a Bolsonaro do epíteto de “presidente genocida” deve-se, conforme Erundina, à postura negacionista adotada pelo mandatário desde a eclosão da pandemia de coronavírus e, na sequência, à falta de ações mais concretas por parte do governo, via Ministério da Saúde, para enfrentar as proporções da calamidade sanitária. Segundo a manifestação da deputada, “as mortes por asfixia de centenas de brasileiros (as) se devem ao descaso criminoso do Ministério da Saúde por não prover de oxigênio os hospitais de Manaus”. Luíza Erundina encerrou de forma enfática: “Não vacile, Rodrigo Maia. Exerça suas prerrogativas de presidente da Câmara dos Deputados e encaminhe imediatamente o processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro”.
– Será que a tragédia humana de Manaus não é suficiente para configurar crime de responsabilidade dessa figura nefasta? O mais grave é que o Ministro da Saúde fora avisado pelo procurador da República do Estado do Amazonas, Dr. Igor da Silva Espíndola, que atua na área da Saúde naquele Estado, quatro dias antes da falta de oxigênio nos hospitais. Até que a tragédia se tornasse pública, o ministério nada fez e não tomou nenhuma providência – advertiu Luíza Erundina. As versões procedentes de Brasília dão conta de que pelo menos cinquenta e um pedidos de impeachment do presidente da República chegaram a ser impetrados junto à Mesa da Câmara dos Deputados por alegados crimes de responsabilidade cometidos no cargo. Rodrigo Maia, entretanto, apesar de alardear postura independente em relação ao Executivo, não colocou nenhum pedido em tramitação, pretextando não haver justificativa mais forte para tanto. Ultimamente, Rodrigo vinha admitindo que, em breve, o impeachment de Bolsonaro será inevitável.