Linaldo Guedes
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Começo afirmando, com todas as letras, que Phelipe Caldas se consolida com um dos bons nomes da crônica paraibana, e num estilo que foge de qualquer imitação de um Crispim ou Gonzaga – nossos cronistas mais conhecidos e nossas maiores referências nesse gênero. Um estilo todo seu, essencialmente dialógico e, por isso mesmo, bem mais difícil de exercê-lo sempre com a mesma intensidade lírica e, sobretudo, literária.
Sim, esse estilo com crônicas em sua maioria construídas à base de diálogos, aparentemente é mais fácil, mas quem escreve sabe que é sempre mais difícil. Nesse estilo há que se saber fazer o fecho no momento certo, de saber surpreender o leitor, de evitar a pieguice e a banalidade (a não ser que seja proposital para valorizar o que se quer passar ao leitor).
Phelipe consegue isso na maioria absoluta das crônicas. Em alguns momentos, lembra o cronista Carlos Drummond de Andrade do livro “Boca de Luar”, que foi livrinho de cabeceira meu por muitos anos. Um Drummond pouco valorizado, um Drummond que brincava com o cotidiano, com o imaginário, como Phelipe em muitos momentos desse livro.
Há crônicas maravilhosas. Como “O Baforete”, “Os botecos por onde andei”, “Cartas do fim do mundo”, “Os desbravadores do Fiat”, “A Padaria”, “Travinha à beira-mar”, entre outras.
A crônica é um gênero que se firmou, notadamente no Brasil, através, sobretudo, do jornalismo impresso. Grandes escritores escreviam suas crônicas em jornais e só depois as enfeixavam em livros. Além de Drummond, já citado, temos vários outros, como o mestre Machado de Assis. Nos últimos anos, o Brasil tem assistido o debacle do seu jornalismo impresso, com o fechamento de diversos periódicos. Pronto! A crônica acabou, apressaram-se alguns em afirmar. Phelipe Caldas desmente os apressadinhos. Suas crônicas, em sua grande maioria, começam nas redes sociais, mas são tão curtidas, comentadas e compartilhadas que tinham que atracarem em um livro, como “Quando a saudade me visita” (Ideia Editora, 2020).
Linaldo Guedes é poeta, jornalista e editor. Com 11 livros publicados e textos em mais de trinta obras nos mais diversos gêneros, é membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal), mestre em Ciências da Religião e editor na Arribaçã Editora. Reside em Cajazeiras, Alto Sertão da Paraíba, e nasceu em 1968.