O comando da Câmara dos Deputados decidiu, ontem, que a eleição para a presidência da Casa e demais cargos da Mesa Diretora será realizada em primeiro de fevereiro, de forma presencial. A data escolhida e a obrigatoriedade de presença dos deputados atendem aos interesses do candidato Arthur Lira, do PP-AL, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Padrinho da candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) defendia que deputados idosos ou que fazem parte de grupos de risco da covid-19 pudessem votar remotamente, mas foi voto vencido.
O líder do PP alega que a votação remota facilitaria a pressão de presidentes de partidos e governadores sobre deputados. Baleia Rossi tem o apoio do maior número de dirigentes partidários e chefes de Executivo estaduais, mas Lira tem apostado em “traições” individuais de deputados que não vão seguir as orientações de suas legendas. A data também era um motivo de discordância entre os grupos de Arthur Lira e Baleia Rossi. A eleição para presidente do Senado está marcada para primeiro de fevereiro mas a da Câmara havia sido marcada inicialmente para o dia 2. Lira temia que com um dia a mais com Rodrigo Maia na presidência, Baleia fosse beneficiado. A validade das assinaturas dos 32 deputados do PSL que pediram para compor o bloco de Arthur Lira, outra divergência sobre a realização da eleição, não foi decidida ontem.
O comando do PSL defende o apoio a Baleia Rossi, mas o segundo vice-presidente da Câmara e presidente nacional do partido, Luciano Bivar (PE), pediu vistas do processo, ou seja, adiamento. Em outra frente, a Executiva Nacional do partido analisa pedido de expulsão de 20 dos trinta e dois deputados. Se as expulsões forem confirmadas, o PSL terá maioria para compor o bloco de Baleia Rossi. O partido está rachado desde o final de 2019, quando Bolsonaro se desfiliou da legenda após uma disputa de influência partidária com Luciano Bivar. Por outro lado, o candidato à presidência Arthur Lira continua evitando falar que posicionamentos terá diante dos 61 pedidos de impeachment formulados contra o presidente Jair Bolsonaro. “Impeachment não é pauta de campanha para presidência”, argumenta Lira.