A exemplo de outras capitais e cidades brasileiras, João Pessoa registrou, ontem, manifestação de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Uma carreata pró-impeachment do mandatário aconteceu no período da tarde, com ponto de concentração na Praça da Independência e encerramento no Largo da Gameleira. O presidente estadual do PSOL, Tárcio Teixeira, foi um dos organizadores da manifestação e compartilhou imagens em suas redes sociais. Além do #ForaBolsonaroGenocida, o grupo de manifestantes reivindicou vacina contra a Covid-19 para todos e a volta do auxílio emergencial para trabalhadores em situação vulnerável. Não houve incidentes.
No final da manhã de ontem, Brasília, Rio de Janeiro, Belém e Recife já registravam mobilizações contra o presidente. No período da tarde, as manifestações aconteceram em outras capitais como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte. Personalidades como o ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ), deputada Fernanda Melchiona (PSOL-SP, deputado Carlos Zaratini (SP) e entidades como a CUT manifestaram-se em redes sociais exaltando os protestos. A orquestração contra Bolsonaro tem se intensificado nas últimas semanas. Na última quinta-feira, o Movimento Brasil Livre, o Vem pra Rua e o ex-candidarto a presidente pelo Novo João Amoêdo lançaram abaixo-assinado em defesa da abertura de processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Amoêdo disse que o presidente “é um mal para o Brasil” e que caberá ao povo “o dever de trabalhar para que ele seja afastado”.
Um trecho do abaixo-assinado: “Estamos diante de uma situação inaceitável, onde o presidente da República desrespeita a Constituição, comete crimes de responsabilidade, coloca em risco o Estado Democrático de Direito e, infelizmente, a vida de milhares de brasileiros. Mas existe um remédio para esse quadro e está previsto em Lei – é o impeachment do presidente da República. O impeachment é um processo jurídico e político. Isso equivale a dizer que, presentes as condições jurídicas para dar-se o impedimento do presidente, é necessário um ambiente político favorável. As condições jurídicas encontram-se configuradas e foram fornecidas pelas ações irresponsáveis do presidente Jair Bolsonaro, como o crime contra a probidade na administração, o crime contra o livre exercício do Poder Judiciário. O que precisamos, agora, é mostrar aos deputados que ainda não apoiam a abertura desse processo que chegou a hora de fazê-lo porque já existe o clima político”.
Deputados do próprio “Centrão”, agrupamento conservador que reúne partidos distintos, inclusive da base de Bolsonaro, admitem que a tese do impeachment ganhou força nos últimos dias nos grupos de troca de mensagem de parlamentares. “Antes, era uma abstração. Agora entrou no plano concreto das cogitações. Comenta-se impeachment sem constrangimento”, relatou um deputado favorável ao processo em declarações ao site “Congresso em Foco”. A inação do governo federal na crise em Manaus que resultou em mortes de pacientes de covid-19 por falta de oxigênio e o atraso na importação de insumos da China para a produção das vacinas são os principais combustíveis da insatisfação dos deputados. O próprio deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está concluindo gestão como presidente da Câmara Federal, passou a dizer que o “impeachment” é inevitável e deverá ser deflagrado pelo seu sucessor na Casa. Rodrigo tem sido alvo de críticas, inclusive, de expoentes de movimentos sociais, por não ter dado partido ao processo, apesar de ter recebido mais de meia centena de pedidos de impeachment de Bolsonaro.