Nonato Guedes
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi “rifada” pela cúpula do partido como candidata oficial à presidência do Senado. O partido preferiu se aliar na reta final do processo eleitoral a Rodrigo Pacheco, do DEM-MG, que tem uma quantidade maior de promessas de votos, em troca de indicar um emedebista à vice-presidência da Casa. A senadora pelo Mato Grosso do Sul afirmou que perdeu votos que eram prometidos a ela e que passaram a ser compromissados com Rodrigo Pacheco. “Assim que eu saí candidata, a primeira pessoa que me ligou foi um senador do PSDB que disse que a única candidata que teria condições na eleição, com votos até de alguns dissidentes, seria eu. Depois disso, a partir do momento que o MDB escolheu candidato, eu vi dia a dia companheiros mudarem de ideia, mudarem de lado”.
Tebet continuou: “O que levou esses companheiros a mudarem de ideia, eu quero crer que seja o embate ideológico, de ideias, da grandeza, da capacidade também do nosso adversário, que é um senador que respeito muito, que é o senador Rodrigo Pacheco; espero que seja isso”. Ela evitou acusar diretamente o presidente Jair Bolsonaro de trocar verbas e cargos por votos no líder do DEM, mas disse que essa possibilidade existe. “A gente tem, sim, sinais, tem ouvido que há ingerência do Executivo, até porque não é da minha boca, mas da boca de terceiros do próprio Executivo, que Pacheco é o candidato oficial do Planalto”. Na bancada do MDB da Paraíba, os dois votos – do senador Veneziano Vital do Rêgo e da sua mãe, Nilda Gondim, eram contabilizados como de Simone Tebet, mas até as últimas horas não havia confirmação sobre se eles apoiariam a candidatura independente. Veneziano, que foi eleito senador em 2018 pelo PSB e se desligou do partido, retornou recentemente aos quadros do MDB, por articulação de figuras nacionais da legenda. Sua mãe, Nilda Gondim, é primeira suplente do senador José Maranhão e investiu-se como titular em face de licença requerida por ele, em tratamento de saúde em São Paulo após ter contraído a covid-19.
Ao formalizar a candidatura independente, Simone Tebet evitou responder se vai continuar filiada ao MDB. Esta é a segunda vez que ela é descartada pela cúpula do MDB como candidata formal à presidência do Senado – em 2019, foi preterida em favor de Davi Alcolumbre (DEM-SC), que está concluindo seu mandato no comando da instituição. Tebet assim reagiu sobre perguntas envolvendo o futuro partidário: “Hoje estou no MDB e quero continuar no MDB. Se a partir de março continuarei, o tempo dirá, vai depender muito mais de questões regionais do que de questões nacionais”. No pronunciamento, ela agradeceu ao líder do MDB, Eduardo Braga (AM) por ter declarado voto nela e também ao Podemos, PSB e Cidadania, que fazem parte de seu bloco, e aos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), José Serra (PSDB-SP), Mara Gabrilli (PSDB-SP) que também declaram voto nela. Tebet dialoga com grupos da sociedade civil organizada, como economistas, empresários e organizações em defesa dos direitos das mulheres e dos negros.
De acordo com o site “Congresso em Foco”, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM) e o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), deflagraram conversas sobre a indicação emedebista para ocupar a vice-presidência da instituição no bloco do candidato Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A escolha estaria entre os líderes do governo no Congresso, Eduardo Gomes (TO) e no Senado, Fernando Bezerra (PE). Os dois senadores da Rede Sustentabilidade, Randolfe Rodrigues e Fabiano Contarato anunciaram ontem que vão embarcar na candidatura do senador Rodrigo Pacheco. “O compromisso assumido por Rodrigo Pacheco com os senadores que subscrevem essa nota de não ceder às tentações autoritárias do Sr. Jair Bolsonaro, de não curvar o Senado aos arroubos autoritários e de garantir os direitos consagrados na Constituição e nos Pactos Internacionais que o Brasil subscreve, comprometendo-se, inclusive, a não pautar projetos que violem esses direitos, tudo isto favorece a opção pelo seu nome”, frisou a nota.