O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato a presidente da Câmara, disse em entrevista ao “Congresso em Foco” que está confiante de que vai ter apoio para ser eleito amanhã. Sobre as pressões do governo em cima do Democratas para apoio a Arthur Lira, reagiu: “Estou absolutamente confiante; conversei com o presidente nacional ACM Neto, com o líder Efraim Filho (PB), tenho conversado com os parlamentares e tenho muita segurança de que o DEM vai ficar no nosso bloco”, frisou. Ele criticou o presidente Jair Bolsonaro por interferir para que o deputado Arthur Lira (PP-AL) ganhe o comando da Casa. “Isso apequena o Parlamento, diminui a importância desse debate que é muito relevante para os próximos dois anos. Quem será o presidente da Câmara dos Deputados vai definir o que nós vamos ter no Parlamento, se é um Parlamento independente ou se é um Parlamento submisso”.
O emedebista afirmou, ainda, que a interferência de Bolsonaro acabará tendo efeito negativo no desempenho de Lira. “Tenho plena confiança de que isso vai acabar revertendo negativamente para o Planalto, que vai consolidar votos na nossa candidatura, é o que eu tenho ouvido inclusive de deputados que não fazem parte do meu bloco. Estão muito assustados com a violência com que o Palácio do Planalto tem tratado os próprios parlamentares”. Na entrevista, Baleia também comentou sobre o auxílio emergencial, que parou de ser pago neste mês de janeiro, e disse que cobrará do ministro da Economia, Paulo Guedes, a ampliação do Bolsa Família ou a manutenção do auxílio enquanto durar a pandemia do coronavírus. O candidato afirmou que o governo demonstra não priorizar as privatizações ao contrário do que diz a equipe econômica. Para ele, as saídas de Salim Mattar da Secretaria de Desestatização e de Wilson Ferreira Júnior da Eletrobras sinalizam essa falta de compromisso.
Baleia Rossi é, desde 2019, o presidente nacional do MDB e lidera o partido na Câmara desde 2016. Ele é o candidato apoiado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e polariza com Arthur Lira o pleito que vai acontecer amanhã. Baleia Rossi acredita que, se eleito, poderá pautar o tema da reforma tributária na Câmara. “Esse é um texto que está muito maduro”, salientou, lembrando que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP-PB, é o relator da matéria. “Já temos um texto meio que consensual, trabalhamos muito para chegarmos a essa posição e pretendo, já no primeiro trimestre, pautar e aprovar a reforma tributária, que é, sem dúvida, a reforma que vai poder fazer com que os brasileiros tenham uma perspectiva de melhora no PIB, que significa geração de emprego e renda”. Ele destacou que a reforma tributária será uma compilação da PEC 45, de sua autoria, da PEC 110, de Davi Alcolumbre, e de sugestões do governo.
– Junto com a superação da pandemia e de todos os projetos de enfrentamento à crise do coronavírus, a reforma tributária tem que ser a prioridade número um do Parlamento porque já está amadurecida, já foi amplamente discutida, inclusive na sociedade, e nós não temos mais tempo a perder. Para que a gente possa ter uma perspectiva de negócio, desburocratização, simplificação tributária, que é fundamental para que a gente possa retomar o crescimento da economia. Digo sempre assim, se a gente já tivesse votado a reforma tributária, a Ford não teria saído do Brasil porque a complexidade tributária está causando uma desindustrialização para o país, que é muito ruim porque empobrece a população”. Baleia Rossi diz estar aberto, também, à discussão de uma reforma administrativa, o que pode ser feito a partir da abertura de comissão especial. “Reforma administrativa não pode ser para perseguir funcionário público, até porque a gente está vendo que na pandemia, principalmente os funcionários da área de saúde estão prestando serviços relevantes. Temos que reconhecer a importância do SUS”, acrescentou.