Enquanto a bancada federal da Paraíba passou longe da nova Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, compensando-se o Estado com a escolha de Veneziano Vital do Rêgo (MDB) para vice-presidente do Senado, Pernambuco saiu em alta da eleição para a Câmara. Com três representantes, o Estado terá o maior número de cargos no biênio 2021-2022. Luciano Bivar, do PSL, foi eleito com 298 votos para a primeira secretaria, enquanto Marília Arraes, do PT, ficou com a segunda secretaria. André de Paula, do PSD, foi eleito com 270 votos para a segunda vice-presidência da Casa. Esta também será a maior participação de Pernambuco na Mesa Diretora nos últimos anos. Marília Arraes foi derrotada nas eleições municipais do ano passado como candidata a prefeita do Recife, por João Campos (PSB).
Após dois dias de tensão na Câmara por conta da manobra do novo presidente Arthur Lira (PP-AL), que tentou anular a chapa de Baleia Rossi (MDB-SP) para garantir o controle de quase toda a Mesa Diretora, a Casa celebrou as eleições das secretarias com tranquilidade e garantiu a representação de dois partidos do bloco de Rossi. A primeira vice-presidência ficou com Marcelo Ramos, do PL-AM, a terceira-secretaria com Rose Modesto, do PSDB-MS e a quarta-secretaria com Rosângela Gomes, do Republicanos-RJ. O único posto em que houve disputa foi a segunda secretaria. Após pressões internas, o PT havia decidido pela indicação de João Daniel (PT-SE), da ala mais à esquerda do partido e ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, mas a candidatura avulsa de Marília Arraes acabou sendo vitoriosa com o voto do plenário. A segunda secretaria é responsável pelas relações internacionais da Câmara, além de programas de estágio. Inicialmente o PT vislumbrava a primeira secretaria, que cuida de serviços administrativos e pessoal.
A escolha de Marília Arraes desagradou à presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, que lembrou o compromisso assumido pelo partido com o sergipano João Daniel. Marília Arraes justificou-se: “É necessário entender que parlamentares mulheres têm, sim, a capacidade de ocupar espaços importantes e de decisão”. Com sua vitória, a pernambucana será a segunda mulher da história a ocupar o cargo na Mesa Diretora da Câmara. No total, Marília obteve 192 votos contra 168 de Daniel. Ela queixou-se que no ambiente legislativo “existem muitas convenções, costumes e acordos em todas as bancadas, independentemente de coloração partidária” e disse que “infelizmente, a maioria dessas regras não considera a necessidade de se abrir espaço para nós. Por isso, minha eleição tem um significado muito importante”. Na Mesa, a petista pretende fazer frente à posição do presidente Arthur Lira, que foi eleito com o apoio de Jair Bolsonaro, na tentativa de barrar as já negociadas pautas de costumes e neoliberais impostas pelo Executivo.
– Nossa eleição foi resultado de uma articulação intensa e democrática e demonstra a confiança que conquistamos nos últimos anos entre colegas deputados da Casa – afirmou Marília Arraes.