Nonato Guedes
O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) voltou a ser denunciado no âmbito da Operação “Calvário” que apura desvio de recursos da administração pública. Desta feita, ele foi mencionado nas décima primeira e décima segunda fases da Operação, do Ministério Público, que cumpriram mandados de prisão e formalizaram acusação de existência de um alegado esquema de fraudes e desvios na Educação do Estado. Ricardo foi denunciado juntamente com outras 30 pessoas, em geral agentes públicos ou agentes políticos, bem como empresários e funcionários apontados como “laranjas” de esquemas de corrupção que têm sido desbaratados na Paraíba desde que Coutinho deixou o governo, no final de 2018.
Anteriormente, Ricardo Coutinho, que chegou a ficar preso, submeter-se a audiência de custódia e usar tornozeleira eletrônica, além de cumprir outras medidas restritivas, esteve implicado diretamente em escândalos de desvios intermediados com organizações sociais na área da Saúde, a exemplo da Cruz Vermelha, referenciada por pagar propinas em troca da administração terceirizada de Hospitais como o de Trauma e Emergência Senador Humberto Lucena, em João Pessoa. Em meio às apurações na área da Saúde, membros do Ministério Público, com a ajuda de agentes do Gaeco e servidores de órgãos de fiscalização e controle estaduais e federais, rastrearam tentáculos de ligação do ex-governador com desvios, também, na área da Educação. Estas últimas fases da Operação “Calvário” aprofundaram o fio da meada e, no total, o Gaeco pediu o ressarcimento aos cofres públicos de mais de R$ 3 milhões. Entre os crimes denunciados figuram os de peculato, fraudes em licitações e corrupção.
Um dos focos da ação criminosa do esquema envolvia falsificações para aquisição de livros e outros materiais destinados ao setor educacional na gestão de Ricardo Coutinho. A segunda denúncia que foi apresentada tem como alvos Coriolano Coutinho, irmão de Ricardo, que já cumpre prisão, o empresário Pietro Harley, Camila Gabriella, Ednazete Raulino, Josefa Dias Barros, José Wamberto de Lima Barros, Patrícia Farias Leite, Patrícia Freire de Lima, Geruza Benedita de Carvalho, Luiz de Sousa Júnior, Ivo Peron Rocha, Carlos Antônio Rangel Júnior, Kallina Lígia Palitot, Maria Lídia Rezende, Givanilda Nicolau Diniz, Gilberto Cruz de Araújo e Givago Correia Barbosa. Foi alcançado, ainda, o ex-presidente estadual do PSB, Edivaldo Rosas, que também foi secretário de Governo, e após audiência de custódia foi recolhido a presídio em Mangabeira. Advogados de defesa dos implicados insistiram no argumento de inocência dos seus constituintes e informaram que estão diligenciando para ter acesso aos autos das acusações a fim de encaminhar a competente defesa.
Nos meios políticos, é consenso que a situação do ex-governador Ricardo Coutinho se complica cada vez mais. Ele chegou a ser apontado, nos primórdios da Operação “Calvário”, como chefe de uma “organização criminosa”, denominada por agentes do Gaeco de “Orcrim”, cuja finalidade era saquear os cofres públicos, com o recebimento e rateio de propinas entre auxiliares e pessoas de confiança que fizeram parte do esquema. Os escândalos da “Calvário” têm tido repercussão nacional. Nas eleições municipais do ano passado, Ricardo Coutinho conseguiu o registro de sua candidatura a prefeito de João Pessoa, mas não logrou ir, sequer, para o segundo turno. No Guia Eleitoral e em debates de que participou, quase nada esclareceu sobre suas responsabilidades nos escândalos, limitando-se a repetir a cantilena de ser “vítima de perseguição política”.