Nonato Guedes
A partir do próximo dia 24 o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), deve começar uma série de viagens para nacionalizar seu nome e fortalecer a candidatura presidencial do Partido dos Trabalhadores em 2022. O petista já foi candidato a presidente em 2018, substituindo a Luiz Inácio Lula da Silva, e disputou o segundo turno com Jair Bolsonaro. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, informou que o primeiro destino programado é Minas Gerais. “Ainda estamos organizando, dia 24 ele deve ir a Minas”, revelou ao site “Congresso em Foco”. A Paraíba, onde o PT está esfacelado e sofre o assédio do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) deverá ser incluída no roteiro.
Haddad esteve em Brasília na última quarta-feira quando se reuniu com as bancadas do PT na Câmara e no Senado. Afirmou, na ocasião: “Precisamos agilidade na liberação das vacinas. Ao mesmo tempo, o povo brasileiro não pode ser abandonado sem um auxílio emergencial mínimo. O PT está forte para combater esse desgoverno”. O anúncio de que Haddad vai “colocar o bloco na rua” provocou reação negativa de Guilherme Boulos, que foi candidato do PSOL a presidente em 2018 e a prefeito de São Paulo em 2020. Ele disse ao jornal Folha de S. Paulo que o momento é o de discutir ideias e não nomes. “O PT tem o direito de lançar nomes para 2022 e eu tenho o direito de defender que o melhor caminho para a esquerda é construir um programa unitário e depois definir nomes. No mais, Haddad é meu amigo e um grande quadro. O resto é intriga de quem vive da pequena política”, escreveu Guilherme Boulos em rede social.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, que também pensa em ser candidato a presidente em 2022, declarou que “é indiscutível o direito de qualquer partido lançar candidato”, mas que é preciso construir programa e alianças para vencer o presidente Jair Bolsonaro. “Se há uma coisa que não temos “direito” é de perder novamente para ele (Bolsonaro) e prolongar tantas tragédias”, acrescentou Flávio Dino. O líder da oposição na Câmara, André Figueiredo, do PDT-CE, fez fortes críticas ao PT e ao ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Figueiredo é aliado próximo de Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar na disputa pelo Planalto em 2018 e desde o segundo turno daquele pleito tem feito diversas críticas ao PT. Ele frisou, por exemplo, que começa mal a caminhada de Haddad. “Seu foco é defender exclusivamente o PT, que diz ser o “único partido” que faz oposição a Bolsonaro. Então tudo bem, companheiro. Se o PT é o “único” que presta, então pode vencer sozinho. Boa sorte”.
Atualmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, que foi presidente de 2003 a 2011, não pode ser candidato a cargos eletivos por conta da Lei da Ficha Limpa, que impede condenados de participarem das eleições. Lula foi condenado em fevereiro de 2018 pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por conta de um apartamento que teria recebido da empreiteira OAS como forma de propina. O petista ficou preso de abril de 2018 até novembro de 2019. A defesa de Lula busca maneiras de pressionar a Corte para que esta analise a suspeição do então juiz Sergio Moro nos casos envolvendo lula, tendo em vista a proximidade do julgador com o time de investigadores da Lava Jato. O objetivo é que a suspeição de Moro invalide as condenações de Lula e permita a candidatura dele. Se isso não acontecer, a ideia é que Haddad seja candidato em 2022.