A Câmara dos Deputados registrou 19 casos de Covid-19 na última semana, desde a eleição à presidência da Casa, ocorrida de maneira presencial. O número foi contabilizado pelo Serviço de Emergências Médicas da Câmara até o início da tarde da segunda-feira (ontem) e revelado pelo jornalista Guilherme Amado, da revista Época. A eleição de Lira foi marcada por aglomerações na sessão. Para ela, foram convocados os 513 deputados federais e seus assessores. Depois, ela foi celebrada em uma festa promovida para cerca de trezentos convidados, muitos deles flagrados sem máscaras.
Aos jornalistas da Época, a Câmara disse que não se pode fazer relação direta entre a eleição presencial e as novas infecções registradas. Entre os servidores da Casa, há o temor de que a volta presencial aos trabalhos provoque uma disparada nas contaminações pelo novo coronavírus. Isso porque a maioria dos espaços da Câmara é fechada, com pouca ventilação. Além disso, como os trabalhos estavam ocorrendo de forma remota, os ambientes não foram preparados para receber todo o fluxo de pessoas que havia na Casa antes da pandemia. O Sindilegis, sindicato que representa os servidores da Câmara, encaminhou ofício na semana passada a Lira pedindo que o trabalho presencial na Casa não seja retomado de imediato. Isso porque, em sua avaliação, ela coloca em risco a saúde dos mais de 14 mil trabalhadores que atuam diretamente na Câmara. E isso, destaca a entidade, em um momento em que a média móvel de novas contaminações e óbitos por Covid-19 no Distrito Federal está em franca ascensão.
O sindicato afirmou, em nota, que ainda busca resolver a situação com o presidente da Casa por meio do diálogo. A entidade defende que o retorno seja feito de forma gradual, a partir do avanço do cronograma de vacinação contra a Covid-19. Mas há a possibilidade de a questão ser judicializada, caso o acordo não seja fechado. As eleições para a presidência da Câmara foram polarizadas entre o deputado Arthur Lira (PP-AL), o vitorioso, e o deputado Baleia Rossi (MDB), que contou com o apoio do ex-presidente da Casa, Rodrigo Maia, e de parlamentares dissidentes de outras agremiações, incluindo expoentes de esquerda, como parlamentares petistas. Rossi era tido como anti-bolsonarista. O presidente da República, Jair Bolsonaro, comemorou efusivamente a vitória de Arthur Lira.
Ontem, o presidente da Câmara informou que encaminhará a reforma administrativa para a Comissão de Constituição e Justiça nesta terça-feira, 9. “Estarei encaminhando para a CCJ a reforma administrativa como o primeiro pontapé para a discussão dessa matéria. Estou me comprometendo a fazer a discussão e levar para o plenário”, salientou, através do Twitter. A proposta foi enviada ao Congresso pelo governo no ano passado, mas enfrenta resistência de parlamentares que apoiam a manutenção de direitos de servidores públicos. Por outro lado, a Comissão Mista de Orçamento vai ser instalada nesta terça-feira e passará a ser presidida pela deputada Flávia Arruda, do PL-DF. A informação foi confirmada ao site “Congresso em Foco” pelo vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, do PL-AM. A deputada está em seu primeiro mandato, é casada com o ex-governador cassado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, preso na Operação Caixa de Pandora em 2010. A comissão é responsável por definir o orçamento de 2021, que era para ter sido votado no final de 2020. Mas como não houve acordo sobre quem iria presidir o colegiado, a definição foi adiada. Flávia Arruda concorria ao comando da CMO com Elmar Nascimento, do DEM-BA. A disputa entre os dois foi uma prévia da eleição para presidente da Câmara. A parlamentar era apoiada pelo hoje presidente Arthur Lira e Elmar era endossado pelo então presidente Rodrigo Maia.