Nonato Guedes
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, passou por cima de divergências políticas com o ex-senador José Maranhão (MDB-PB) e veio a público, ontem, manifestar seu pesar pelo falecimento do político e ex-governador paraibano, reconhecendo a importância de sua atuação, principalmente em favor dos interesses do Estado onde nasceu. Quando senadora, Gleisi Hoffmann travou embates acirrados com José Maranhão, em plenário ou na Comissão de Constituição e Justiça, a respeito de matérias em apreciação, consideradas polêmicas. Do ponto de vista da militância partidária, teve diferenças com o MDB de Maranhão ao revelar tendência de aproximação com a liderança do ex-governador Ricardo Coutinho, do PSB.
Na gestão de Eunício Oliveira (PMDB-CE), durante discussão, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, da PEC 55 (241), tratando de questões financeiras de interesse nacional, Gleisi Hoffmann questionou Maranhão sobre a razão pela qual o Senado não fazia um referendo público a fim de consultar a população sobre o que qualificou como PEC do fim do mundo. Exaltada, Gleisi disse que oreferendo era cabível o referendo, nos termos da Constituição. E admoestou: “O povo tem que saber quem vai pagar a conta desse ajuste fiscal. Porque é assim que funciona nesta Casa. Pobre não faz lobby nesta Casa. Quem vem aqui é o pessoal da Febraban, da Fiesp, do pato amarelo, para não deixar que haja alteração no sistema tributário”. A então senadora considerou “indecência” o voto contra trabalhadores pobres. A matéria era do interesse do governo Michel Temer, e versava sobre redução do salário mínimo.
À certa altura, Maranhão interveio diante de manifestação de pessoas da plateia, com vaias e aplausos, pedindo que cessassem tais manifestações, em virtude do que previa o regimento interno. Maranhão chegou a firmar alianças com o PT na Paraíba, com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros expoentes do partido. Em 2006, ele foi candidato ao governo do Estado tendo como vice o então deputado estadual Luciano Cartaxo, indicado pela legenda petista. A chapa perdeu as eleições para Cássio Cunha Lima-José Lacerda Neto. Em 2009, a Justiça deu ganho de causa a recursos impetrados pedindo a cassação da chapa vitoriosa por alegada improbidade administrativa e conduta vedada durante o curso da campanha. A Justiça determinou, então, que maranhão e Cartaxo ascendessem aos mandatos para complementar a gestão em andamento.
Por ocasião da cerimônia de investidura, na Assembleia Legislativa do Estado, em ambiente tumultuado, José Maranhão recebeu telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, congratulando-se com sua posse, observando que fora feita “justiça” e dispondo-se a colaborar com as reivindicações de interesse da população paraibana. O próprio Maranhão fez questão de transmitir, no viva voz, a mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Posteriormente PT e PMDB-MDB divergiram em eleições municipais e pleitos estaduais na Paraíba. Mas, pessoalmente, Maranhão manteve relação respeitosa para com o Partido dos Trabalhadores.