Nonato Guedes
O ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, presidente estadual do PSD e pré-candidato ao governo do Estado nas eleições do próximo ano, admitiu, hoje, dificuldades para atrair o MDB para uma composição em torno do seu projeto, em face da morte do senador José Maranhão, que foi sepultado, ontem, em Araruna. Romero avalia que o MDB está, agora, sob controle do senador Veneziano Vital do Rêgo, adversário do seu grupo político em Campina Grande, e chegou a insinuar que o parlamentar foi precipitado na ocupação de espaços na legenda para a qual retornou depois de deixar o PSB, pelo qual foi eleito em 2018.
Mesmo assim, o ex-gestor campinense sinalizou intenção de dialogar com o comunicador Nilvan Ferreira, a quem declarou apoio no segundo turno da eleição para prefeito de João Pessoa, disputado com Cícero Lucena (PP), e revelou, mesmo, desejo de convidar Nilvan a migrar para o PSD, por entender que ele não terá mais o espaço que havia conquistado quando José Maranhão comandava a agremiação. Romero lembrou que Veneziano é ligado ao governador João Azevêdo (Cidadania), candidato declarado à reeleição em 2022 e com o qual ele não possui afinidades; pelo contrário, dá combate à atual administração desde que dirigia os destinos do povo de Campina Grande. Além de tentar conversar com Nilvan, Rodrigues diz estar aberto a entendimentos com outros líderes políticos, não descartando, nem mesmo, dialogar com Cícero Lucena. “Não tenho incompatibilidades com Cícero”, garantiu.
As declarações do ex-prefeito de Campina Grande foram feitas a emissoras de rádio do Sistema Correio de Comunicação em Campina e João Pessoa e tiveram ampla repercussão nos meios políticos, sobretudo pelas críticas dirigidas ao senador Veneziano Vital do Rêgo, cujo comportamento dentro do MDB ao ensejo da morte de José Maranhão deplorou. Além de Veneziano estar se credenciando naturalmente a comandar o partido no Estado, sua mãe, Nilda Gondim, que era suplente de Maranhão, assumiu a titularidade do mandato, por dois anos, em Brasília. Veneziano deixou os quadros do PSB alegando incompatibilidades com o ex-governador Ricardo Coutinho, principal líder da agremiação. Sua volta ao MDB foi admitida, em vida, pelo próprio Maranhão, e acabou sendo articulada em meio a um movimento de senadores e deputados federais do partido, que representam outros Estados mas que consideraram Veneziano um “quadro valioso” para reforçar, até nacionalmente, a sigla.
Romero Rodrigues deixou a prefeitura de Campina Grande após exercer dois mandatos consecutivos. Saiu amplamente vitorioso nas eleições municipais do ano passado, quando seu candidato, Bruno Cunha Lima, ex-deputado estadual, foi eleito em primeiro turno, derrotando nomes de expressão como o de Ana Cláudia, esposa do senador Veneziano Vital do Rêgo, que concorreu pelo Podemos. A participação de Romero na disputa eleitoral em João Pessoa deu-se no segundo turno, quando ele se deslocou à Capital para manifestar apoio a Nilvan Ferreira no confronto com Cícero Lucena, que era apoiado ostensivamente pela senadora Daniella Ribeiro e pelo governador João Azevêdo. Romero Rodrigues tenta conciliar sua pré-candidatura com outras pretensões que estão colocadas ou anunciadas dentro do grupo político em que atua, a exemplo da candidatura do deputado federal Pedro Cunha Lima, filho do ex-senador Cássio Cunha Lima, do PSDB. Sobre este caso, porém, o ex-prefeito é confiante num entendimento.