Nonato Guedes
O senador Veneziano Vital do Rêgo tem conquistado apoios para substituir o ex-governador José Maranhão no comando do diretório estadual do MDB e liderar o processo de reestruturação da legenda com vistas à disputa majoritária de 2022. O único deputado estadual emedebista, Raniery Paulino, admite que Veneziano “é um nome forte para dirigir a agremiação e levá-la a crescer na Paraíba”, e o ex-deputado federal Benjamin Maranhão, sobrinho do falecido ex-governador, afirma que a escolha seria natural e traduziria, inclusive, um desejo manifestado em vida por José Maranhão. Veneziano, que foi prefeito de Campina Grande, duas vezes, pela legenda do PMDB, retornou recentemente ao agora MDB depois de se desfiliar do PSB, pelo qual se elegeu ao Senado em 2018.
Ele deixou as hostes socialistas alegando incompatibilidades com a liderança do ex-governador Ricardo Coutinho. Veneziano alinhou-se politicamente com o governador João Azevêdo (Cidadania) e deverá engajar-se na sua campanha pela reeleição ao Palácio da Redenção em 2022, participando ativamente das demarches para composição da chapa e formação de alianças que respaldem o projeto político de continuidade. A perspectiva de investidura do senador no comando emedebista já levou o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSD, a descartar possibilidade de entendimento com o MDB para 2022. Romero já se lançou como alternativa ao governo do Estado e conta com o apoio, na empreitada, do grupo do ex-senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, que também oferece o nome do deputado federal Pedro Cunha Lima como opção.
Nas eleições municipais do ano passado em Campina Grande, o governador João Azevêdo hipotecou apoio à candidatura da ex-secretária Ana Cláudia, mulher do senador Veneziano Vital do Rêgo, que concorreu pelo Podemos e ficou em segundo lugar. O então prefeito Romero Rodrigues “bancou” a candidatura do ex-deputado estadual Bruno Cunha Lima (PSD), eleito em primeiro turno tendo como vice Lucas Ribeiro, filho da senadora Daniella Ribeiro, expoente do Partido Progressistas. Romero e Bruno se dizem “afinadíssimos” em torno da decisão a ser tomada pelo agrupamento político PSD-PSDB quanto à sucessão estadual. Tanto Romero como Cássio são críticos da administração de João Azevêdo e ressaltam as ligações do chefe do Executivo com o antecessor Ricardo Coutinho, implicado na Operação Calvário, que apura desvios de recursos públicos da Saúde e da Educação.
O prefeito Bruno Cunha lima, a despeito da relação institucional com o governo do Estado, sobretudo em casos emergenciais como o enfrentamento ao coronavírus, também tem apresentado reivindicações e cobranças ao governo do Estado quanto a pleitos de interesse da população da cidade que teriam sido preteridos até agora pelo poder público. Em relação a Veneziano, ele se fortalece não apenas pelo retorno aos quadros do MDB mas pela ascensão da sua mãe, Nilda Gondim, ao mandato titular no Senado, ocupando a cadeira deixada por José Maranhão, de quem era primeira suplente. Com a hegemonia do grupo de Veneziano no MDB, aparentemente perde espaço na legenda o comunicador Nilvan Ferreira, do Sistema Correio de Comunicação, que foi candidato a prefeito de João Pessoa em 2020 e conseguiu passar para o segundo turno, perdendo por diferença estreita para Cícero Lucena, candidato do PP. Sintomaticamente, ontem, com a movimentação de Veneziano para assumir o comando do MDB, Romero convidou Nilvan, publicamente, a assinar ficha no PSD, partido que ele (Rodrigues) preside no Estado.