A Executiva Nacional do PSDB aprovou por unanimidade, ontem, a prorrogação do mandato de Bruno Araújo como presidente do diretório do partido. A decisão configurou uma derrota política para o governador de São Paulo, João Doria, que almejava assumir o controle da sigla para pavimentar uma possível candidatura à presidência da República em 2022 contra Jair Bolsonaro. Ex-ministro e ex-deputado por Pernambuco, Bruno Araújo foi eleito presidente tucano em 2019, substituindo Geraldo Alckmin, com o apoio do próprio João Doria, que via nele um rosto para personificar seu projeto de “novo PSDB”. O mandato do ex-ministro como presidente do partido se encerraria em maio deste ano, mas agora foi estendido até maio de 2022.
João Doria postulou o comando da agremiação em reunião realizada na segunda-feira, 8, com integrantes da cúpula tucana. No dia seguinte, divulgou nota cobrando a expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) dos quadros da legenda. A exposição pública do racha no partido motivou a reação de aliados do político mineiro. Na quarta-feira, 10, os presidentes de 26 diretórios estaduais do PSDB assinaram ofício em apoio à permanência de Araújo no comando do partido, contrariando as ambições de Doria. O movimento foi endossado por deputados e senadores tucanos. “Os parlamentares estão certos de que, com a decisão, o partido seguirá mantendo a democracia interna e a convergência na busca de soluções para que o país possa vencer a pandemia de coronavírus e retomar o crescimento com justiça social”, escreveram deputados e senadores, em notas praticamente idênticas.
A indisposição de alas do PSDB com o movimento de Doria teve outro efeito colateral para o paulista. Além de ver a pretensão de assumir o comando da sigla ir pelo ralo, o pré-candidato à Presidência da República em 2022 também abriu caminho para o fortalecimento de outra liderança tucana, o governador gaúcho Eduardo Leite. Em almoço realizado na quinta-feira com dez deputados e senador do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul ouviu apelos para que deflagrasse a campanha com vistas a tornar seu nome conhecido no país. Segundo versões reveladas por deputados participantes da reunião, o convite deve ser aceito, mas de forma cautelosa. A ideia é começar por viagens na região Nordeste. O senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), que estava no encontro, ficaria responsável por organizar parte da agenda futura.