Nonato Guedes
O deputado federal Efraim Filho, líder do Democratas na Câmara e um dos quadros emergentes no cenário político paraibano, não esconde que já se articula, nos bastidores, para a hipótese de concorrer ao Senado nas eleições do próximo ano, ocupando posto que foi exercido pelo pai, Efraim Morais, entre 2003 e 2011. Efraim Morais ocupa, atualmente, secretaria no governo João Azevêdo e é presidente do diretório regional do DEM. A vaga que estará em jogo ao Senado em 2022 será única e originalmente foi conquistada em 2014 por José Maranhão (MDB), que faleceu há uma semana vítima de complicações de Covid 19. No seu lugar, ascendeu à titularidade a ex-deputada federal Nilda Gondim, mãe do também senador Veneziano Vital do Rêgo, recém-retornado à legenda emedebista. Nilda não tem suplente, já que o segundo suplente de Maranhão, Roosevelt Vita, também é falecido. Também não se sabe, ainda, se ela pretende disputar a vaga que ora ocupa.
Além de Nilda e Veneziano, a Paraíba conta com outra senadora – Daniella Ribeiro, do PP, eleita em 2018 e bastante atuante no Congresso e na vida pública do Estado. O nome do deputado Efraim Filho começa a ser ventilado com boa cotação em pesquisas informais sobre intenção de voto para eleições majoritárias do próximo ano. Ele é referenciado ao Senado juntamente com nomes como o do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, irmão de Daniella, que por pouco não foi candidato a presidente da Câmara nas recentes eleições. Na Câmara, Efraim Filho era ligado ao então presidente Rodrigo Maia, mas dele divergiu no episódio da Mesa, recentemente, quando se confrontaram os deputados Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (PP-AL), este vitorioso com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Maia saiu atirando e acusando o DEM de ter se subordinado ao presidente da República. Efraim Filho não endossou esse posicionamento.
Há outras sugestões de nomes, em diferentes partidos, e ambições latentes de postulantes, alguns deles sem mandato atualmente, para conquistar a vaga que a senadora Nilda Gondim passou a empalmar. Essas pretensões se tornarão mais nítidas até o próximo quando forem intensificadas as conversações e forem deflagrados ensaios de entendimento entre líderes de partidos para composições. A disputa senatorial está indissoluvelmente atrelada à disputa para governador, em que o atual chefe do Executivo, João Azevêdo (Cidadania) concorrerá à reeleição, devendo ter como principal adversário o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), que se encontra em campanha antecipada e promete percorrer o Estado de ponta a ponta. Nos últimos dias, com a iminência de controle do MDB pelo senador Veneziano, Romero já descartou aliança com esse partido. Deixou claro que havia perspectiva de entendimento, mas com José Maranhão, não com Veneziano, de quem é adversário na política campinense.
Efraim Filho poderá concorrer pelo esquema do governador João Azevêdo, não necessariamente como candidato único, já que há pretensões idênticas em outros partidos da base situacionista na Paraíba. O governador João Azevêdo terá que ter muita habilidade para costurar um pacto de forças políticas relevantes em torno do projeto de candidatura à reeleição. Em 2018 ele foi apadrinhado pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que rompeu com o sucessor tão logo este foi investido. Praticamente expulso das hostes do PSB, tendo tido correligionários perseguidos ostensivamente por Ricardo, Azevêdo partiu para formar esquema próprio, cuidando, logo, de escolher uma agremiação onde se sentisse à vontade. Entre várias siglas oferecidas, identificou-se com o “Cidadania”, que já marcou presença nas eleições municipais do ano passado, ora lançando candidaturas próprias, ora fazendo composições com partidos afins à liderança do governador.
José Maranhão foi eleito pela segunda vez ao Senado em 2002, dividindo espaços com Efraim Morais num páreo em que se habilitaram, também, dois ex-governadores: Wilson Braga e Tarcísio Burity, além de Lígia Feliciano, atual vice-governadora do Estado, Simão Almeida, Bala Barbosa e Hermano Nepomuceno. Morais chegou ao Senado em 2003 após dois mandatos como deputado estadual e três como federal, tendo sido quarto-secretário e vice-presidente da Câmara dos Deputados e, por conseguinte, do Congresso Nacional. Foi nessa condição que assumiu a presidência do Congresso. Presidiu a Câmara quando Aécio Neves renunciou ao mandato para exercer a montagem do seu governo em Minas Gerais no início de dezembro de 2002. Coube a Efraim dar posse a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro mandato deste. Fez isto mesmo tendo sido crítico ferrenho do PT e dos seus governos, chegando a propor uma CPI dos Bingos, ironizada por Lula como “CPI do fim do mundo”.
Em 2014, José Maranhão disputou novamente o Senado, depois de ter perdido em 2010 na quarta tentativa para chegar ao governo do Estado. Ele obteve 647.271 votos como senador, seguido por Lucélio Cartaxo, do PV, irmão gêmeo do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano, com 521.938 sufrágios. Foram votados ainda Wilson Santiago, pelo PTB, de forma expressiva, e Leila Fonseca, que logrou obter apenas 44.622 votos. A hipótese da candidatura de Nilda Gondim, a esta altura à reeleição, entrou no radar depois que ela foi efetivada como titular com a morte de José Maranhão, mas oficialmente não houve manifestação dela ou do “clã” nesse sentido. O que é certo é que o ex-senador Cássio Cunha lima (PSDB), derrotado em 2018 à reeleição, não estará no páreo de 2022. E que Efraim Filho se movimenta atento aos espaços que parecem surgir ou às possibilidades que tendem a se abrir no cenário estadual.