O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disparou, ontem, contra a gestão anterior da Casa, dirigida por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em artigo publicado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o deputado disse que o país passou o ano de 2022 em um “negacionismo parlamentar”, sobretudo “negando-se a dar encaminhamento às votações que a sociedade brasileira espera”. O pepista defendeu que não adianta apontar dedos “uns aos outros para acusar quem é o culpado pela pandemia” mas que o combate à doença “é o único partido político, é a única instituição, a única ideologia”.
Lira também celebrou a aprovação da autonomia do Banco Central, analisada pelos parlamentares na semana passada e defendeu que outro avanço importante foi a instalação da Comissão Mista de Orçamento, presidida pela deputada Flávia Arruda, do PL-DF, tendo como relator o senador Márcio Bittar, do MDB-AC, que tenta construir com o governo a definição de um novo programa social. Após assumirem o colegiado, os congressistas fizeram uma visita de cortesia ao ministro da Economia, Paulo Guedes. “Daqui para frente, eu e a nossa presidente Flávia, o ministro Guedes e os presidentes do Senado e da Câmara, vamos trabalhar e quando tivermos a peça pronta vamos apresentar para o debate da sociedade brasileira”, disse Bittar na ocasião.
No artigo do domingo, Lira defendeu que “mais um ponto de inflexão da paralisia e do negacionismo parlamentar” foi a decisão que tomou ao encaminhar à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a reforma administrativa. “Se o Congresso reformista que temos hoje se engajar, como parece ser a vontade da maioria da Casa, em prazo não muito longo esse outro grande avanço institucional se tornará realidade”, acentuou. E acrescentou: “Romper a paralisia e o negacionismo parlamentar é a forma de criar os instrumentos fiscais e orçamentários para garantirmos nossos compromissos com a responsabilidade, sem abandonar não nosso maior patrimônio, mas nosso único patrimônio: o povo”, afirmou o deputado.
Na sexta-feira, a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público protocolou um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal contra a tramitação da PEC 32, que trata da reforma administrativa. No pedido, os deputados alegam que o Ministério da Economia, autor da PEC, não encaminhou ao Poder Legislativo documentos que embasassem a proposta. Ainda em tom de campanha, Lira defendeu que “debates estéreis e polarizadores” sobre “negacionismos” serviram, na prática, para dissipar o foco da atuação parlamentar. Desde que assumiu a presidência da Casa, o deputado vem pondo em prática algumas mudanças internas. Na semana passada, por exemplo, determinou o despejo dos jornalistas do Comitê de Imprensa, espaço a ser reformado e transformado no gabinete do pepista. No sábado, resolveu trocar o diretor-geral da Casa, Sérgio Sampaio. Seu substituto será Celso Correa, consultor legislativo da Câmara dos Deputados.