A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota de repúdio a novo ataque do presidente Jair Bolsonaro à imprensa. Para a Abraji, o presidente age como um ditador e autocrata ao defender o fechamento de três jornais e um site cujas publicações lhe desagradam. Em live transmitida na segunda-feira pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho, o presidente afirmou que “o certo” para acabar com as fake news seria tirar de circulação alguns dos principais veículos do país. “Na minha página ou na página de qualquer um, com todo respeito, é a página do presidente da República. Eu sou qualquer um, do povo: proibir anexar imagens a título de proteger fake news? O certo é tirar de circulação – não vou fazer isso, porque sou democrata – O Globo, Folha de S. Paulo, Estadão, (site o) Antagonista, (que) são fábricas de fake news”, declarou.
Bolsonaro também defendeu maior taxação das redes sociais, ao manifestar inconformismo com a decisão do Facebook de proibir os seus seguidores de anexar imagens em comentários em sua página como forma de evitar a disseminação de notícias falsas. No vídeo transmitido na live pelo filho, o presidente alega que o Facebook estaria impedindo seus seguidores de publicar imagens nos comentários das publicações. “Agora deixa o povo se libertar, porque tem liberdade. Logicamente que, se alguém extrapolar alguma coisa, tem a Justiça para recorrer. Agora o Facebook bloquear a mim e a população é inacreditável (…) E não há uma reação da própria mídia, ela se cala. Falam tanto da liberdade de expressão para eles em grande parte mentir com matérias. Agora, para a população, é uma censura que não se admite”.
A Abraji, ao repudiar as declarações de Bolsonaro, expressou: “Ele se diz democrata, mas seus atos e palavras apontam na direção oposta. Autocratas e ditadores costumam usar estratégias discursivas para defender o fechamento de jornais; constroem, antes, um ambiente de honestidade e demonizam a imprensa para confundir a população. É inaceitável que o presidente insinue que a mídia brasileira seja conivente com a censura e produza tão somente reportagens mentirosas. Bolsonaro distorce o discurso da proteção da liberdade de expressão para atacar a imprensa. Com isso, despreza o papel fundamental de uma imprensa independente e crítica na manutenção da democracia. Contrariando o artigo 85 da Constituição, Bolsonaro esquece que é responsabilidade do cargo que ocupa o respeito ao exercício dos direitos políticos, individuais e sociais, sendo impedido de atentar contra a liberdade de imprensa”.