Nonato Guedes
Contando com a mediação de vereadores da sua base na Câmara de João Pessoa o prefeito Cícero Lucena (PP) contornou uma crise gerada por declarações do secretário municipal de Saúde, Fábio Rocha, que causaram desconforto a líderes de igrejas evangélicas e católicas, a propósito de aglomerações em eventos em plena pandemia do coronavírus. O secretário, ao pregar medidas mais duras, chegou a dizer que não hesitaria em tomar medidas restritivas e fechar segmentos que estivessem contrariando regras de distanciamento. Foi quando se referiu a eventos religiosos que congregam até duzentas pessoas, em meio a gritos. “As pessoas precisam pensar não apenas no seu umbigo”, advertiu ele.
Cícero Lucena promoveu, ontem mesmo, um encontro entre representantes das instituições religiosas e o secretário Fábio Rocha e, ao final, considerou superado o problema. Informações de bastidores dão conta de que o secretário viria se agastando com a rotina de enfrentamento à pandemia de coronavírus em João Pessoa e, sobretudo, com o desrespeito a normas sanitárias decretadas por autoridades para conter o avanço da Covid-19. Essas versões indicam que ele teria cogitado até mesmo a possibilidade de se demitir do cargo, diante do desgaste dos confrontos com segmentos sociais. Nem Fábio Rocha nem a Comunicação da prefeitura confirmaram os rumores. Mas o próprio secretário, no encontro de ontem, admitiu estar sob pressão constante no atual contexto, o que, de acordo com ele, ocasiona “declarações infelizes” como as que proferiu.
O presidente da Associação de Pastores Evangélicos da Paraíba, Fausto Filho, avaliou como necessária a reunião para o esclarecimento de possíveis equívocos em torno das medidas sanitárias adequadas na atual conjuntura. Cícero Lucena, por sua vez, disse que a fala do secretário de Saúde deu-se numa situação pontual e que o mais importante, no episódio todo, foi a oportunidade de estabelecer diálogo com setores religiosos para convergência de pontos de vista sobre providências que precisam ser tomadas na fase de calamidade provocada pelo avanço da doença. O prefeito da Capital reafirmou que o combate à Covid não é tarefa apenas do Poder Público, mas requer, sobretudo, colaboração da sociedade e dos seus legítimos representantes.