Nonato Guedes
O governador João Azevêdo, em pronunciamento, ontem, através de redes sociais, advertiu que a Paraíba teve uma piora considerável na décima nona avaliação do Plano Novo Normal, referente ao estágio de casos da Covid-19. “Saltamos de 22 para 138 municípios em bandeira laranja e de zero para seis em bandeira vermelha”. De acordo com o chefe do Executivo, o agravamento da situação exige uma ação efetiva para salvar vidas e evitar o colapso do sistema de saúde, tanto da rede pública, quanto da rede particular no Estado.
Em virtude do agravamento, o governador revelou que vai reunir o Comitê Gestor da Saúde para “avaliarmos medidas mais efetivas, para evitar que o caos se instale em nosso Estado, como vem acontecendo em outros lugares”. A adoção de medidas mais restritivas ou não, de acordo com Azevêdo, vai depender muito do apoio de todos. “A Paraíba voltou aos níveis de contágio que víamos no meio do ano passado e se faz necessário que voltemos a pensar de forma coletiva, mantendo os cuidados com o uso das máscaras, higiene das mãos e ficando em casa”, enfatizou o governador, recomendando: “Repense o encontro com os amigos hoje. Troque por uma chamada de vídeo, uma ligação ou uma mensagem”. O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena e o secretário executivo de Saúde do Estado, Daniel Beltrammi, também alertaram a população para redobrar medidas de prevenção diante de ocorrência iminente de novo surto de contaminação pelo coronavírus.
Diretores de hospitais e médicos de renome da Paraíba também usaram suas redes sociais nas últimas horas, focando na elevação dos casos suspeitos e superlotação de UTIs em hospitais públicos e privados. Um dos pontos que está assustando as autoridades é o tempo mais prolongado de permanência de pacientes em UTIs para tratamento de Covid-19, bem como o fato de que alguns municípios estão voltando à bandeira vermelha e outros regredindo para a cor laranja. O novo boletim divulgado ontem assinalou o registro de 1.349 casos e informou-se que nos últimos dias a quantidade de mortes oscilou entre 13 e 22. O clima é de apreensão em localidades do interior do Estado devido à carência de leitos para atendimento a uma nova onda provocada emergencialmente.
O prefeito Cícero Lucena (PP) disse, no seu vídeo, que está preocupado com os efeitos da contaminação por Covid, ainda sem terem sido contabilizados os efeitos de aglomerações no recente período carnavalesco, não obstante a proibição de eventos e insistência na adoção de medidas restritivas. “Eu peço a vocês que fiquem em casa, evitem aglomerações. Estou trazendo mais 70 ventiladores, 50 equipamentos para montar, 50 novas UTIs ainda esta semana, mas mesmo assim não será suficiente se a gente não se ajudar”. Fazendo um “pedido de amigo, não de gestor”, Cícero Lucena e reiterou a recomendação sobre os cuidados. “Já está preocupante a situação da rede particular e ela pode recorrer à rede pública, que também está com muita dificuldade”, advertiu.
Em cidades do Sertão, a média de casos de Covid tem oscilado para cima nos últimos dias, com pequenas variações. Prefeituras de cidades como Cajazeiras e São José de Piranhas tiveram que endurecer na adoção de medidas restritivas para prevenir incidência maior de casos. Um decreto assinado pelo prefeito de Cajazeiras, José Aldemir Meireles, chegou a instituir a quarentena no território do município no período de 18 a 28 de fevereiro. O bispo da diocese, Dom Francisco de Sales Alencar Batista, expediu comunicado ressaltando a preocupação das autoridades eclesiásticas com o cenário e a disposição de cooperar para evitar expansão desenfreada da doença. “Neste momento dramático, cabe a todos uma reflexão profunda sobre a nossa humanidade e os seus desafios”, pontuou o prelado.