Nonato Guedes
O governador João Azevêdo e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, estiveram reunidos na manhã de hoje no Palácio da Redenção, juntamente com autoridades ligadas à Saúde Pública e integrantes das respectivas gestões para discutirem pontos de um decreto a ser publicado até amanhã, contendo medidas mais rigorosas de isolamento social, na Região Metropolitana abrangida pela Capital, para enfrentamento do agravamento da pandemia de Covid-19, com a elevação de casos registrados nos últimos dias e com a superlotação de leitos de hospitais da rede pública e da rede privada. Em declarações à imprensa, o governador definiu como urgentes e imprescindíveis medidas mais rígidas, com o envolvimento, inclusive, de forças de segurança, para tentar evitar a circulação desnecessária de pessoas por logradouros públicos.
Os governos estadual e municipal, ao mesmo tempo, debateram suspensão de eventos já programados ou em fase de programação que tenham aglomerações e possam contribuir de forma desordenada para o crescimento de contaminações pelo coronavírus, ocasionando, também, um colapso da rede hospitalar. O governador João Azevêdo e o prefeito Cícero Lucena deixaram claro que o relaxamento verificado ultimamente no que diz respeito a medidas de isolamento social, por parte da população, foi responsável pela exaustão verificada no sistema de saúde. Destacaram a importância da campanha de vacinação que foi deflagrada, bem como o empenho dos poderes públicos para assegurar novos imunizantes contra a Covid a fim de atingir públicos-alvos definidos como prioritários. Mas, de forma consensual, alertaram que nenhum esforço surtirá resultado concreto se não houver colaboração por parte da população.
O prefeito Cícero Lucena admitiu estar sendo cogitada, praticamente, a adoção do toque de recolher a partir das 22h, estendendo-se até 5h da manhã, como estratégica para tentar reduzir novos casos de Covid-19. A prefeitura não descarta fechar serviços e anunciou que as Unidades de Pronto Atendimento voltaram a ser exclusivas para atendimentos de casos de Covid-19, além foi necessário adquirir mais respiradores. O governador João Azevêdo referiu-se, por sua vez, a medidas restritivas afetando as aulas nas escolas da rede pública estadual de ensino. Advertiu que o risco de colapso é uma possibilidade e que é preciso frear a curva ascendente de casos registrados. A décima nona avaliação do Plano Novo Normal apontou que 62% dos municípios da Paraíba, incluindo João Pessoa, estão com bandeira laranja, apontando necessidade de restrição da mobilidade.
De acordo com o chefe do Executivo estadual, as medidas emergenciais que serão adotadas por cerca de 15 dias constituirão uma espécie de “choque na mobilidade humana” para prevenir uma suposta explosão do número de internações de pacientes, sobrecarregando a rede de atendimento ao público. “As medidas são uma opção entre a vida e a morte, e o que for para proteger o cidadão, nós vamos implantar”, anunciou João Azevêdo, insistindo no uso de máscaras e salientando que a fiscalização será redobrada. Mas, como ele observou, “nenhuma medida terá efeito sem a participação popular porque a verdade é que a situação é muito difícil”.