O Brasil completa um ano de convívio com a covid-19 vendo os Estados tentando lidar com as incertezas geradas pela conduta do Ministério da Saúde, comandado por Eduardo Pazuello, no enfrentamento à pandemia. Uma reportagem do UOL Notícias, assinada por Nathan Lopes e Guilherme Mazieiro, revela que a vacinação, principal fator para brecar o avanço do vírus, ainda em ascensão no país, tem sido a área que acumula mais erros por parte do governo de Jair Bolsonaro nos últimos dias, tais como: mudança de posicionamento sobre estocar a segunda dose, envio da quantidade errada de doses para Estados, compra de vacina não aprovada e falta de acordo com vacina já aprovada.
O coordenador do tema da vacina no Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias, do PT do Piauí, criticou a falta de comando federal. “O poder central, o presidente ou primeiro-ministro, é quem está na linha de frente da coordenação do plano estratégico nacional de outros países. No Brasil, a gente tem um salve-se quem puder”, desabafou ele. E acrescentou: “Estamos à beira de um colapso nacional”. Wellington Dias destacou que, na ausência do governo federal, questões internacionais estão sendo negociadas pelos governadores diretamente com outras nações. Frisou que, no entendimento suprapartidário dos governadores, o presidente tem que atuar na coordenação nacional de medidas para o enfrentamento da crise. “Nas últimas 72 horas, eu e vários governadores estamos tendo que dialogar com China, Índia, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos. Este é um trabalho do poder central. O Brasil tem uma extraordinária diplomacia”, pontuou.
Segundo ele, dos 26 Estados e o Distrito Federal, 21 unidades da Federação estão no limite da lotação de leitos ou em vias de colapsar. “Qual é o desespero dos governadores? Trabalhar sem o poder que tem o poder central. Somos nós que estamos aqui adotando medidas de fechamento das atividades, de colocar força de segurança, barreira sanitária nas entradas do Estado e de outros países. Uma tarefa que era do governo central, nós que estamos tendo”, disse Wellington Dias. E mais: “Bolsonaro é o presidente eleito; eleito para proteger a população do inimigo comum, o coronavírus. O presidente da República visita os Estados, provoca aglomerações sem máscara e regra de distanciamento. Claro que isso influencia uma parcela da população para desobediência. Isso não é razoável”.
O Amapá foi protagonista de um outro erro do ministério nesta semana. Na quarta-feira, 24, o Estado recebeu a cota de imunizantes da vacina de Oxford, que seria destinada ao Amazonas. Em vez de duas mil doses, o ministério enviou 78 mil. Posteriormente, com o governo admitindo o erro, as doses foram remetidas para o destino correto. Fatos como esses, segundo a reportagem do UOL, têm feito Estados avaliarem haver “insegurança sanitária de não termos certeza dos próximos passos que o Ministério da Saúde dará”, como relatou Dorivaldo Malafaia, superintendente de vigilância em saúde do Amapá, acrescentando que se cria uma expectativa e apreensão na população. “Não tenho como fazer planejamento pelo calendário do Ministério da Saúde porque a incerteza é grande, a comunicação é travada. Então, a gente não consegue atuar num nível de previsibilidade”, ressaltou Dorivaldo Malafaia.