O presidente Jair Bolsonaro usou os termos “mimimi” e “frescura” ao criticar novamente as medidas adotadas por Estados e prefeituras restringindo atividades diante da alta de casos e de mortes de pessoas com coronavírus. Ele fez o comentário durante um evento de que participou ontem em São Simão, sudoeste de Goiás, um dia após o Estado ter registrado recorde de mortes pela doença. “Vocês não ficaram em casa. Nção se acorvadaram. Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”, disse o mandatário.
Em seguida, o presidente destacou a importância do respeito aos idosos e disse que lamenta as mortes, mas completou questionando sobre o futuro do Brasil diante das paralisações das atividades. “Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidade, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, indagou. O presidente defendeu que o desemprego no país não pode ser tratado “depois” e que a pandemia e as dificuldades econômicas enfrentadas pelos brasileiros têm de ser tratadas simultaneamente. “Se ficarmos em casa o tempo todo e dizermos o tempo todo que “a economia vamos ver depois”, uma parte nós estamos vendo agora o que foi essa política. Qual é o futuro do Brasil?”, questionou.
Referindo-se aos decretos que restringem funcionamento ao que é “essencial”, o presidente defendeu uma definição do que acredita se encaixar nesse grupo: “Atividade essencial é toda aquela necessária para um chefe de família levar o pão para dentro de casa”. Horas antes, o presidente esteve em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde fez críticas a comentários sobre a compra de vacinas contra a Covid-19 pelo governo federal. “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, dizendo: ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem vacina para vender no mundo”. Com relação à situação do país, a atualização de ontem do levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa apontou que o Brasil registrou 1.786 mortes por coronavírus em 24 horas. No dia anterior, foram 1.840 óbitos no mesmo período – novo recorde da pandemia.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais, horas após dizer que “chega de frescura e de mimimi” com a pandemia de covid-19, o presidente Bolsonaro acrescentou: “Parece que só morre gente de covid no Brasil. O vírus do pavor foi inoculado nessas pessoas”. As menções negativas a Bolsonaro no Twitter depois que ele tratou com desdém a forma como a crise sanitária vem sendo encarada pela população chegaram a 71%, segundo levantamento feito pela empresa AP Exata, que monitora a imagem do presidente nas redes sociais. Além disso, o índice de confiança no chefe do Executivo despencou, atingindo 11,1%.