Nonato Guedes
O empresário José Carlos da Silva Júnior, que faleceu em São Paulo, confessou, certa vez, que a política não fazia parte dos seus planos, mas nem por isso titubeou em aceitar o convite que lhe foi feito por Wilson Braga para ser seu candidato a vice na disputa pelo governo do Estado em 1982, ao fim da qual o candidato do PDS foi vitorioso por 151 mil votos de diferença sobre o principal concorrente, Antônio Mariz. Ao jornalista Abelardo Jurema Filho, José Carlos contou que foi convidado para integrar a chapa de Wilson como vice porque Braga tinha poucas ligações com Campina Grande e entendia que sua presença poderia reforçar a penetração junto aos diversos segmentos.
A grande frustração enfrentada por José Carlos deu-se, porém, em 1986, quando ele foi estimulado a renunciar à titularidade para ser o candidato oficial do PDS ao Palácio da Redenção e descobriu, nos primeiros dias de movimentação, que estava sendo “cristianizado” dentro do esquema. Wilson havia se afastado, também, para concorrer ao Senado, e concentrou a campanha em torno de sua candidatura. Acabou sendo derrotado nas urnas pelo empresário Raimundo Lira, concessionário de automóveis em Campina Grande, que era tido pelos analistas como “azarão” mas logrou derrotar Braga, um dos maiores líderes populares da história da Paraíba. A frustração por não ter sido candidato ao governo acabou sendo página virada para José Carlos, que, como suplente de senador de Ronaldo Cunha Lima, ascendeu à titularidade no Congresso Nacional, pontuando suas intervenções com discursos sobre temas econômicos e problemas do Nordeste.
José Carlos da Silva Júnior tinha trânsito em todas as correntes políticas e era respeitado pelo seu posicionamento ético e íntegro. Quando desistiu da candidatura ao governo do Estado, foi substituído, à última hora, por Marcondes Gadelha, do PFL, que acabou derrotado nas urnas por Tarcísio Burity, recém-filiado ao então PMDB, por diferença de quase 300 mil votos. A família de José Carlos, em princípio, era contra a candidatura a governador, preferindo que ele permanecesse no Palácio da Redenção para cumprir os dez meses restantes. Ele, também, pensava assim e parecia irredutível, mas a pressão partidária avolumou-se de tal forma que ele passou a rever a posição. Um processo insidioso de traição contra o candidato estava se desenrolando e chegou a ser noticiado por este repórter em coluna no jornal “Correio da Paraíba”. Os amigos mais próximos de José Carlos da Silva Júnior alertaram que, pelo seu temperamento e personalidade, ele não aceitaria ser transformado em marionete de grupos políticos. Foi o que aconteceu, com a desistência oficializada por José Carlos em concorrer ao governo do Estado.