Nonato Guedes, com agências
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), afirmou em entrevista ao “Estadão” divulgada ontem que pretende definir em cerca de um mês para qual partido migrará, sinalizando que é irreversível seu desligamento do Democratas (DEM). O parlamentar tenciona tomar a decisão antes de retomar as atividades em plenário para poder participar de debates importantes como o que trata da PEC Emergencial já na nova rodada, para beneficiar famílias em situação vulnerável durante a calamidade do novo coronavírus.
O racha entre Maia e o Democratas explodiu durante a campanha que elegeu seu sucessor na presidência da Câmara Federal. O candidato apoiado por Rodrigo era o deputado Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB, mas, no meio da disputa, o presidente do Democratas, ACM Neto, mobilizou a bancada da sigla para apoiar a chapa do atual presidente Arthur Lira, do PP-AL, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. “O senador Antonio Carlos Magalhães, diferente do neto dele, dizia que deputado a gente não empresta. O Neto resolveu emprestar os deputados dele, entregar a base dele para o bolsonarismo”, afirmou Maia ao “Estadão”. Na opinião do deputado federal paraibano Efraim Filho, do DEM, Maia tentou impor preferência pessoal dentro da agremiação e, uma vez derrotado, tentou “terceirizar” responsabilidade pelo resultado desfavorável. Para Efraim, o parlamentar não foi correto com os colegas do DEM.
Rodrigo Maia informou que o partido com quem mais conversa atualmente é o MDB, sigla com a qual relata ter uma “relação histórica muito importante”. Outro destino cotado é o PSL, porém, Rodrigo deixa claro que, com a atual composição de bolsonaristas na sigla, a mudança é improvável. O parlamentar não descarta ainda a criação de um novo partido de centro. Questionado sobre as dezenas de pedidos de impeachment contra Bolsonaro que ficaram engavetados durante sua gestão à frente da Câmara, Maia repetiu que não há apoio político suficiente para o processo avançar. Disse ainda que o mais indicado seria a abertura de uma CPI para apurar, por exemplo, crimes cometidos pelo governo federal na pandemia.
A respeito das eleições de 2022, o ex-presidente da Câmara diz ser uma disputa na qual projetos individuais terão que ser deixados de lado e acredita que, de quatro nomes – Luciano Huck, João Doria, Luiz Henrique Mandetta e Eduardo Leite, deve sair um nome, uma chapa única. “Todos têm o direito de colocar o seu projeto até um determinado momento. A partir daí, é óbvio que tem de se consolidar uma candidatura. Todos os quatro, cada um com suas vantagens e desvantagens, têm de fazer isso”, ponderou. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. e João Doria, governador de São Paulo, lutam dentro do PSDB, ao qual são filiados, para conseguir a indicação como candidato à Presidência da República, daí partindo para alianças com outras agremiações.