Nonato Guedes
Em uma declaração, esta semana, a uma emissora de rádio de João Pessoa, o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), salientou que ainda não há qualquer definição sobre o comando do partido na Paraíba nem sobre estratégias para a disputa de eleições no próximo ano, mas frisou que, pessoalmente, acredita na manutenção da unidade interna e no fortalecimento da legenda. Baleia enfatizou que o partido ainda está de luto pela morte do ex-senador e ex-governador José Maranhão, que vinha comandando o MDB nas últimas duas décadas no Estado e que, conforme ele, desempenhou atuação relevante reconhecida pela direção nacional. “Oportunamente discutiremos questões políticas-partidárias”, ressaltou.
Maranhão faleceu em São Paulo vítima de complicações da Covid-19, pela qual foi infectado em plena campanha eleitoral, na disputa pro prefeituras municipais, no ano passado. Ele teve participação ativa, sobretudo, na disputa em João Pessoa, onde o partido lançou o comunicador Nilvan Ferreira como candidato e conseguiu passar para o segundo turno, perdendo o confronto para Cícero Lucena, do PP, por diferença apertada. Dentro do MDB paraibano, as preferências em torno do comando da legenda dividem-se entre o senador Veneziano Vital do Rêgo e o ex-governador Roberto Paulino. Veneziano tem mais cacife, na opinião de alguns líderes emedebistas, por se destacar como senador e primeiro vice-presidente do Senado Federal. Ele retornou recentemente aos quadros da legenda, desfiliando-se do PSB do ex-governador Ricardo Coutinho, pelo qual foi eleito em 2018.
Veneziano é encarado como um nome forte para concorrer ao governo do Estado, senão em 2022, no futuro próximo. Ele tentou se viabilizar como alternativa em algumas ocasiões, inclusive na disputa de 2014, em que o indicado acabou sendo o seu irmão, então senador Vital do Rêgo (Vitalzinho), que perdeu para Ricardo. Atualmente, Vital é ministro do Tribunal de Contas da União. Dentro do então PMDB, Veneziano, que foi prefeito de Campina Grande por duas vezes e deputado federal, chegou a defender renovação de quadros, como forma de “oxigenar” a legenda, mas não encontrou maior espaço para a pregação. Ultimamente, Maranhão vinha dando sinais de que estava disposto a promover a renovação, até como tática para garantir a sobrevivência da legenda, que não conta com nenhum deputado federal. Possui dois senadores – além de Veneziano, sua mãe, Nilda Gondim, que assumiu a vaga de José Maranhão, do qual era primeiro suplente, e um deputado estadual: Raniery Paulino, filho do ex-governador Roberto Paulino.
Nas eleições municipais do ano passado, Roberto Paulino concorreu à prefeitura de Guarabira, que já havia ocupado anteriormente, contando com o apoio do “Cidadania”, partido no qual o governador João Azevêdo ingressou após desfiliar-se do PSB por divergências com o ex-governador Ricardo Coutinho. Paulino foi derrotado na tentativa de voltar à prefeitura guarabirense, mas continua alinhado com o esquema político do governador João Azevêdo. Seu filho, Raniery, inclusive, é vice-líder do governo na Assembleia Legislativa e já sinalizou que o “clã” deverá apoiar a candidatura do chefe do Executivo à reeleição. O apoio do senador Veneziano Vital do Rêgo também é aguardado nas hostes políticas de Azevêdo, até como retribuição pelo apoio que o governador deu à candidatura de Ana Cláudia, mulher de Veneziano, nas eleições à prefeitura de Campina Grande. Concorrendo pelo Pros, ela foi derrotada em primeiro turno por Bruno Cunha Lima (PSD), junto com postulantes de outros partidos.