Nonato Guedes
A partir de amanhã passa a vigorar a vigésima avaliação do Plano Novo Normal Paraíba nos 223 municípios do Estado. Segundo os dados, publicados ontem pela Secretaria Estadual de Saúde, 95% dos municípios (211) figurarão em bandeira laranja, 4% (oito municípios) em bandeira vermelha e apenas quatro na bandeira amarela. Esta avaliação significa uma redução de 97% em relação à avaliação anterior, configurando a menor participação dessa bandeira desde o início dos ciclos avaliativos do PNNPB. Agora, nenhum município da Paraíba está em bandeira verde.
A avaliação quinzenal vem sendo feita desde junho de 2020 e utiliza como base os indicadores de quantidade dos casos de Covid-19, mortalidade, índice de adesão ao isolamento social e ocupação de leitos hospitalares. A avaliação em cores varia do vermelho ao verde, sendo que o vermelho é a mobilidade impedida e verde a mobilidade livre. Autoridades da área de Saúde do Estado, como o secretário executivo de Gestão de Unidades da Saúde, Daniel Beltrammi, já admitem situação iminente de colapso da rede hospitalar (pública e privada) e crescimento rápido e expressivo do número de casos (mais de mil novos casos divulgados ao dia), internações hospitalares (mais de 70 novas internações ao dia) e óbitos (mais de 20 óbitos divulgados ao dia). Beltrammi destacou os prejuízos de “alta relevância” enfrentados pela Paraíba e, por isso mesmo, ressaltou a “extrema importância sanitária e social” das medidas adotadas pelo governo, dedicadas a atenuar os riscos oriundos da rápida deterioração do cenário epidemiológico da pandemia na Paraíba.
Nos últimos dias, a Secretaria Estadual de Saúde ativou mais 140 leitos exclusivos para tratar pacientes com quadros moderados e graves da Covid-19. Outros 147 serão abertos nos próximos 15 dias, totalizando mais 287 leitos ativos para a Covid-19. Daniel Beltrammi advertiu, entretanto, que, independente do esforço que está sendo feito, “nenhum leito hospitalar novo substitui em importância as medidas de proteção à vida” e menciona que profissionais da área da Saúde estão exaustos, uma vez que atuam na linha de frente há mais de 12 meses. O secretário confirmou que os últimos 15 dias foram marcados por uma piora na situação da pandemia no território paraibano e comentou que a deflagração da campanha de vacinação tem sido fundamental para o combate ao coronavírus, mas não exclui a continuidade de adoção de outras medidas protetivas como uso de máscaras, manutenção do distanciamento social e lavagem das mãos.
O agravamento da pandemia tem se tornado preocupante, da Capital e Região Metropolitana de João Pessoa ao Alto Sertão Paraibano. O novo Censo Hospitalar realizado pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba, cujos resultados foram dados a público na sexta-feira, identificaram que a lotação nos leitos hospitalares mantém-se acima de 90%. Na Região Metropolitana de João Pessoa, ela é de 91,6% na rede pública e 96,4% na privada. Hospitais como Clementino Fraga e da Unimed, na Capital, não disponibilizam mais nenhuma vaga para quem precisar de atendimento. O quadro crítico abrange outros estabelecimentos como o Metropolitano, Nossa Senhora das Neves, Frei Damião e Hospital Universitário Lauro Wanderley. No Sertão, não há vagas na UPA de Cajazeiras nem no Hospital Regional de Patos e há situação grave, também, no município de Patos.