Nonato Guedes
Em reunião por videoconferência, ontem à tarde, por mais de duas horas, com representantes do Ministério Público Federal, Estadual e do Trabalho, o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD) ouviu do grupo de procuradores recomendação para que o município adote medidas mais restritivas de enfrentamento à Covid-19. O prefeito se comprometeu a avaliar o documento com a equipe, mas adiantou que um novo decreto municipal já está sendo confeccionado, argumentando que não abrirá mão da gestão da crise sanitária local, que há mais de doze meses “vem sendo administrada com eficiência pela prefeitura”. Foi taxativo: “A gestão da crise sanitária em Campina Grande não será transferida para o governo do Estado”.
O prefeito Bruno Cunha Lima, nos últimos dias, tem intensificado a queda-de-braço com o governador João Azevêdo (Cidadania) tendo como pivôt as restrições mais duras impostas pelo Estado para prevenção do contágio do coronavírus. Ele ficou particularmente irritado com o rebaixamento da cidade de Campina Grande para a bandeira laranja e questionou os critérios para a decisão alegando que desde o início da pandemia o município tem adotado medidas para reduzir casos decorrentes da doença e não é justo que seja penalizado por ajudar outros municípios, como a própria Capital, João Pessoa, além de receber pacientes de Manaus, Amazonas. No bate-rebate, o secretário de Saúde do Estado, Geraldo Medeiros, lembrou que Cunha Lima é “neófito” na administração pública e talvez ignore aspectos relevantes da política governamental de combate à doença. O governador João Azevêdo, por sua vez, sugeriu que o prefeito campinense deixe de “olhar apenas para o seu umbigo” e entenda que há uma situação de agravamento no Estado, com perspectiva de colapso das redes pública e privada de saúde.
Para Bruno Cunha Lima, Campina Grande é a cidade que tem a melhor situação epidemiológica do Estado, o que contraria dados em poder do governo do Estado, formulados por especialistas de Universidades. Ele reafirmou: “Estamos de portas abertas para doentes da Paraíba e de outros Estados. Em um ano, adotamos uma estratégia de planejamento mais eficaz e com mais resultados do que a própria Secretaria de Saúde do Estado. Temos feito a nossa parte e, portanto, vamos manter a nossa estratégia”. O gestor, que esteve acompanhado do vice-prefeito Lucas Ribeiro (PP), lembrou que a taxa de letalidade do município é a menor do Estado, o índice de transmissibilidade se mantém em 0,9%, segundo dados da secretaria de Saúde e foi categórico: “A cidade nunca sofreu com a falta de leitos, como também está recebendo novos equipamentos, vem ampliando a fiscalização dos estabelecimentos comerciais e está integrada ao consórcio nacional para a compra de vacinas. E tudo isto é feito com o pleno diálogo com todos os segmentos da sociedade”.
Junto aos membros do MP, de várias esferas, Bruno Cunha Lima tratou de questões ligadas à regulação específica de Campina Grande para a Covid-19, uma ação que, segundo garantiu, funciona 24 horas por dia, com equipes de plantão, além de manutenção de e-mail e de telefone para contato com hospitais das outras macrorregiões que precisam transferir pacientes para o município, sendo isto feito com tempo extremamente hábil em termos de resposta. Foi discutida, por fim, a questão do transporte público, que havia sido alvo de reunião entre o prefeito e empresários do setor, ficando certo o aumento no quantitativo de ônibus que devem circular na cidade, em paralelo com outras medidas que terão reflexos na proteção à saúde dos usuários. “O que fica evidenciado, de toda a radiografia, é que Campina tem competência técnica para gerir a atual crise, apresentando sempre os melhores resultados em nível estadual”, arrematou Bruno Cunha Lima.