Nonato Guedes
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao comentar hoje a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, de anular suas condenações na Lava Jato por entender que a Décima Terceira Vara de Curitiba não tinha competência para analisar os casos que ali tramitaram, reagiu: “Eu sei que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de História. Antes de eu ir para a prisão, nós tínhamos escrito um livro, e eu fui a pessoa que dei a palavra final no título do livro que é “A verdade vencerá”. Eu tinha tanta confiança e tanta consciência do que estava acontecendo no Brasil que eu tinha certeza de que esse dia chegaria, e ele chegou”, disse Lula no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Com a decisão tomada por Edson Fachin, anulando as condenações de Lula relacionadas à Operação Lava Jato, o ex-presidente recuperou os direitos políticos e voltou a ser elegível. Lula se declarou agradecido a Fachin e frisou que a discussão do ministro reconheceu que nunca houve crime cometido contra ele ou envolvimento dele com a Petrobras. Formalmente a decisão do ministro teve caráter processual, sem julgamento de mérito sobre se Lula é culpado ou inocente. Mas, o ex-presidente assinalou: “O processo vai continuar, tudo bem, eu já fui absolvido de todos os processos fora de Curitiba, mas nós vamos continuar brigando para que Moro (o ex-juiz Sérgio Moro) seja considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar. Deus de barro não dura muito tempo”.
Lula da Silva chamou a força-tarefa da Lava Jato de quadrilha e disse que ela tinha uma obsessão por condená-lo porque queria criar um partido político. “Hoje, eu tenho certeza que ele (Moro) deve estar sofrendo muito mais do que eu sofri. Eu tenho certeza que o Deltan Dallagnol (procurador da Lava Jato) deve estar sofrendo muito mais do que eu sofri porque eles sabem que eles (Moro e Dallagnol) cometeram um erro, e eu sabia que não tinha cometido um erro”, prosseguiu o ex-presidente. Lula, que estava de máscara no evento, retirou a proteção para discursar. Ele disse que fez isso após consultar médico e por estar a mais de dois metros de outras pessoas. O ex-presidente prestou solidariedade às vítimas da Covid-19 no Brasil, às famílias que perderam pessoas para a doença e aos que estão desempregados. Lula chamou o presidente Bolsonaro de fanfarrão e criticou a forma como ele está conduzindo o país. “O Brasil não tem governo e a população precisa de emprego, não de armas”, completou.