Nonato Guedes, com agências
Embora criticando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por declarações feitas após a anulação, pelo ministro Edson Fachin, de condenações impostas em processos da Operação Lava Jato, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apareceu de máscara em evento no Palácio do Planalto, ontem, sancionou projeto para facilitar a compra de mais vacinas e defendeu o uso de imunizantes contra a covid-19. Desde o começo da pandemia, Bolsonaro tem minimizado a doença, desestimulado o uso da proteção e o distanciamento social e rejeitado propostas de compras de vacinas. A mudança de postura aconteceu após Lular criticar seu governo pela condução da pandemia.
Lula anunciou que tomará a primeira dose da vacina na próxima semana e lamentou que as mortes estão se naturalizando no Brasil, fortemente atingido pela segunda onda da covid-19. “A primeira coisa que deveria ter sido feita no ano passado era criar um comitê de crise, com a participação de cientistas, mas tivemos um presidente que falava de cloroquina e que era uma gripezinha”, continuou Lula, referindo-se às declarações negacionistas de Bolsonaro. O ex-presidente ainda apoiou governadores de Estados em suas ofensivas para comprar vacinas, diante da recusa ou da demora de Bolsonaro em fazê-lo. Em seu discurso no Palácio do Planalto, Bolsonaro adotou tom moderado, não fez ataques a governadores e prefeitos, mas ainda citou drogas sem eficácia contra a covid-19 como a hidroxicloroquina.
Apesar de terem sido sancionadas três leis que tratam da pandemia, o Ministério da Saúde admite que a campanha nacional de imunização pode parar por falta de vacinas. Em carta enviada à Embaixada da China para tentar a compra de trinta milhões de imunizantes, a Pasta afirma estar ciente da importância de conter a nova variante da covid-19 e impedir que o vírus se espalhe pelo mundo, recrudescendo a pandemia. Em outra ocasião, Bolsonaro rebateu as críticas que Lula fez ao seu governo e afirmou que o petista já está em campanha eleitoral. “Eu não assisti todo o pronunciamento, mas a parte que eu vi ele está em plena campanha política. Para ele, tudo é fácil, tudo pode ser resolvido”, rebateu Bolsonaro em entrevista no Palácio da Alvorada. E emendou: “Ele (Lula) não sabe o que fala, não tem argumento e no meu entender vai ficar tagarelando não sei por quanto tempo”. Para Bolsonaro, porém, o ex-presidente “está comemorando cedo, pois a decisão de Fachin ainda pode ser revertida pelos demais ministros do Supremo Tribunal Federal”.